Oposição vai tentar convocar Dilma fora da CPI mista dos Cartões

Na tentativa de emplacar a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para prestar esclarecimentos ao Congresso sobre o suposto dossiê contra a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a oposição já admite apresentar no plenário do Senado ou nas comissões permanentes da Casa requerimentos para que a ministra seja obrigada a se explicar. DEM e PSDB desistiram de tentar garantir a convocação da ministra pela CPI mista (com deputados e senadores) dos Cartões Corporativos, uma vez que são minoria na comissão.

"O que interessa é discutirmos um fórum em que tenhamos condições de ganhar. Não é na CPI, não é por ali. Até pode ser uma CPI apenas no Senado, ou na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] ou na Comissão de Fiscalização e Controle", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

A Folha Online apurou que parlamentares do DEM e PSDB reiniciaram as conversas para que a CPI seja instalada apenas no Senado --onde o governo não tem maioria. A base aliada do governo já derrubou com folga, na comissão mista, todos os requerimentos de convocação da ministra.

Os dois partidos, no entanto, ainda vão definir as estratégias que serão adotadas conjuntamente para que o Congresso investigue o vazamento de informações que deu origem ao dossiê. A cúpula do DEM e do PSDB pretende se reunir nesta segunda-feira para definir o caminho que será seguido pela oposição.

A oposição também prepara uma ofensiva contra a ministra no Poder Judiciário porque avalia que Dilma teria praticado crime de responsabilidade --já que as informações do dossiê teriam vazado da Casa Civil.

"A Procuradoria Geral da República é o instrumento que vamos procurar. Vamos fazer um encontro para encontrarmos uma estratégia eficaz", disse Agripino.

Reportagem da Folha desta segunda-feira afirma que o PSDB pretende fazer representações ao Ministério Público Federal para que o órgão investigue as denúncias de irregularidades relacionadas ao uso dos cartões corporativos do governo, incluindo o escândalo do dossiê.

Assessora

A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra Dilma, teria dado a ordem para a organização do dossiê com todos os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, Ruth, e ministros da gestão tucana com cartões corporativos.

O banco de dados montado a pedido de Erenice é paralelo ao Suprim, sistema oficial de controle de despesas com suprimentos de fundos do governo. Com 13 páginas, o documento registra com detalhes e fora da ordem cronológica diversos gastos, com ênfase nos feitos por Ruth Cardoso e naqueles envolvendo bebidas e itens como lixas de unha e veludo alemão.