Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/04/2008 - 08h27

Polícia do Paraná diz que sem-terra foi morto por ex-integrante do MST

Publicidade

DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

A polícia do Paraná anunciou ontem a conclusão do inquérito que investigou o assassinato do sem-terra Eli Dallemole, 42, e concluiu que ele foi vítima de vingança tramada pelo acusado de ser o autor do crime, Odenir Souza Matos, o Zezinho.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, que decidirá se vai oferecer denúncia contra os acusados, para a aplicação de pena.

De acordo com a delegada Vanessa Alice, responsável pelo inquérito, Matos matou Dallemole por ter sido expulso do acampamento montado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na fazenda Copramil, em Ortigueira (região central do PR).

Matos foi expulso pela coordenação do MST por ter sido descoberto trabalhando para Adilson Honório de Carvalho, que é presidente do Sindicato dos Comerciários de Cornélio Procópio (PR) e que disputa com os sem-terra a posse do imóvel. Segundo a delegada, Matos convencia famílias a deixar a área invadida ao garantir o custeio da mudança.

Carvalho, disse a delegada, foi indiciado por tentativa de homicídio. A polícia concluiu que ele não teve participação direta no assassinato de Dallemole, há seis dias, atingido por quatro tiros disparados por dois homens dentro de sua casa, no assentamento Liberdade Camponesa, em Ortigueira.

"Tudo começou por ordem do fazendeiro, que também ameaçou o Eli, segundo testemunhas, dizendo que estaria com os dias contados. Então ele responde pela ameaça e por essa tentativa de homicídio", disse a delegada Vanessa Alice.

O acusado de ter acompanhado Matos até o assentamento para matar o sem-terra, Valderi Aparecido Ortiz, 27, o Coquinho, foi indiciado como co-autor do assassinato. Na casa de Ortiz foi localizada uma calça com respingos vermelhos. O material está sendo periciado para confirmar se são de sangue humano.

A mulher de Dallemole, segundo a delegada, reconheceu que a calça foi usada por Ortiz no dia do assassinato.

Matos, Ortiz, Carvalho e mais dois acusados seguem presos no mini-presídio de Telêmaco Borba (PR).

A advogada Silvana Pedroso, que representa Carvalho no caso, disse que não poderia se manifestar por ainda não ter tido acesso às conclusões do inquérito, mas afirmou que seu cliente "nunca teve nada a ver com isso [a morte de Dallemole]". A reportagem não conseguiu localizar os advogados de defesa dos demais acusados.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
avalie fechar
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
avalie fechar
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (2137)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página