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Lins falta pela segunda vez ao depoimento no Conselho de Ética
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LUISA BELCHIOR
colaboração para Folha Online, no Rio
O deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins (PMDB), faltou pela segunda vez ao depoimento que teria de prestar ao Conselho de Ética da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro). O Conselho investiga a suposta quebra de decoro parlamentar de Lins, citado em investigação da Polícia Federal como chefe de um esquema de corrupção da polícia do Rio para beneficiar máfias de caça-níqueis.
Lins chegou a ser preso em flagrante pela PF, mas foi solto no dia seguinte por decisão da Alerj.
Lins foi convocado a prestar depoimento nesta quarta-feira, mas, pela manhã, seus advogados alegaram que ele não poderia comparecer, segundo o presidente do Conselho de Ética, deputado estadual Paulo Melo (PMDB).
Com isso, Melo decidiu que ele não será mais ouvido pelo Conselho, que pode encaminhar à presidência da Alerj pedido de cassação do mandato de Lins. Apesar da ausência do acusado, o Conselho ouviu nesta manhã cinco das dez testemunhas de defesa indicadas por ele. Foram ouvidos o ex-comandante da PM no Rio, coronel Udson Aguiar, o ex-subchefe da Polícia Civil, Ricardo Martins, o delegado da Delegacia de Homicídios do Rio, Roberto Cardoso, o advogado Sebastião Alves e a jornalista Adriana Cruz.
Cruz foi citada, segundo o Conselho de Ética, na investigação da PF em suposto diálogo de Lins com o inspetor Hélio Machado, o Helinho, em que Lins pedia informações sobre a gravação do circuito interno de câmeras do prédio do bicheiro Fernando Inácio para entregá-la à jornalista.
Cruz alegou em depoimento que se tratava de uma reportagem. As três outras testemunhas alegaram que, quando exerciam suas funções na época em que Lins era chefe da Polícia Civil, não tomaram conhecimento do suposto esquema nem receberam pedido de favorecimento a algum grupo criminoso.
O advogado Sebastião Alves pediu para depor em sessão fechada. O presidente do Conselho de Ética disse que os depoimentos, que tinham até hoje para se apresentar, não agregou muita informação à investigação. Para ele, os indicados foram uma manobra dos advogados de Lins. "As testemunhas, ao meu ver, tinham apenas o intuito de atrasar os trabalhos, porque elas não tinham nada a dizer sobre o caso. Foi uma artimanha."
Em razão da ausência, o deputado não será mais ouvido no processo do Conselho, e o relatório deve ser concluído após alegações finais que Lins pode fazer em até seis dias. Depois disso, o Conselho terá de aguardar a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) julgar pedido dos advogados de Lins de anulação das investigações com base no argumento de que o Conselho não poderia funcionar durante o recesso parlamentar.
A sessão da CCJ acontecerá na primeira terça-feira de agosto (5), segundo a Alerj. Se a CCJ rejeitar o pedido da defesa de Lins, o Conselho votará seu relatório final, que poderá pedir a cassação do parlamentar. Paulo Melo disse que, caso isso aconteça, a cassação do deputado será votada em plenário ainda em agosto.
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