Partidos grandes encolhem nas Câmaras Municipais e dão espaço para nanicos

Considerados os quatro principais partidos do país, PMDB, PT, PSDB e DEM encolheram nas Câmaras Municipais das 26 capitais do país, abrindo espaço para siglas menores como PTC, PHS, PRP e PT do B. A mudança é, em parte, reflexo da renovação nas Casas.

Levantamento feito pela Folha mostra que pouco mais da metade dos vereadores eleitos nas capitais são novatos (360, contra 351 reeleitos).

Em relação aos partidos, nem a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi capaz de fazer crescer o número de cadeiras do PT, que perdeu nove postos e tem agora 79. Mas o partido ainda é líder em vereadores nas capitais.

Os outros grandes também não foram bem: o PMDB ficará com 76 representantes (11 a menos); o PSDB, com 73 (três a menos). O DEM, além de perder dez vereadores, ficando com 46, viu o PSB ultrapassá-lo, com 48 nomes.

A maior taxa de renovação ocorreu na Câmara de Porto Velho (RO), onde apenas três dos 16 vereadores se mantiveram no cargo.

A Câmara de São Paulo é a que menos tem partidos pequenos proporcionalmente, mas é também a que menos teve renovação: 39 dos 55 atuais vereadores foram reeleitos (71% do total).

Dos pequenos, o PTC foi um dos que mais cresceram, proporcionalmente. O partido tinha sete vereadores, e terá 14 na próxima legislatura.

O PV, de Micarla de Sousa (primeira prefeita eleita do partido em capitais, em Natal) e Fernando Gabeira (que disputa o segundo turno no Rio), ganhou duas posições no ranking de partidos, deixando o PR e o PTB para trás. Tem agora 34 vereadores nas capitais.

Em Recife, o vereador que mais tem mandatos consecutivos nas capitais, Liberato Costa Júnior (PMDB), 90, em seu 10º mandato, não conseguiu se reeleger. Ele foi mais bem votado que 17 eleitos, mas o quociente eleitoral o deixou de fora.

Governabilidade

Outro fator que chama a atenção é que a maioria dos prefeitos eleitos em primeiro turno nas capitais terá tranqüilidade para aprovar projetos de seu interesse nas Câmaras, a julgar pelos eleitos, integrantes da coligação vencedora.

Em 11 de 15 capitais que já definiram o futuro prefeito, ele já conta com maioria no Legislativo. As quatro onde os prefeitos terão trabalho para aplicar seus programas de governo são Natal (RN), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR).

Em Natal, Micarla, cuja coligação conseguiu 35% dos assentos na Câmara Municipal, diz que buscará uma conciliação. "Agora a gente zera o cronômetro. Vou buscar todos os vereadores, todos os partidos, para que possamos ter uma base aliada sólida."

A missão dela, no entanto, não será tão complicada quanto a de Iradilson Sampaio (PSB), reeleito em Boa Vista. Ele terá apenas quatro aliados na Casa de 14 vereadores.

A situação é oposta à de Nelson Trad Filho (PMDB), que terá mais um mandato à frente de Campo Grande (MS). Os partidos de sua coligação elegeram 19 de 21 vereadores.

Apenas dois petistas farão o contraponto na Câmara.

Colaboraram PABLO SOLANO e GUSTAVO HENNEMANN, da Agência Folha