Diretor de Inteligência da PF diz que "maletas" não têm condições de realizar escutas

O diretor da Divisão de Inteligência do Departamento da Polícia Federal, Daniel Lorenz de Azevedo, disse nesta quarta-feira à CPI dos Grampos que a PF dispõe de dez maletas para a realização de varreduras. Mas o delegado reiterou que esses equipamentos não têm condições de realizar escutas telefônicas. Segundo ele, desconhece que outros órgãos federais dispõem dos mesmos equipamentos, numa referência à Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

"Muito se propala que essas malas são capazes de fazer. É um engodo porque elas têm uma série de limitações. Não estamos escondendo nada", afirmou Azevedo, que é policial federal há 29 anos e delegado há 12. "Eventualmente, pode funcionar como equipamento para interceptação telefônica."

Em setembro, durante depoimento à CPI, o diretor-adjunto afastado da Abin, José Milton Campana, afirmou o mesmo que Azevedo de que essas maletas não têm condições para realizar escutas telefônicas.

Segundo Campana, a Abin não comprou os equipamentos com a finalidade de executar grampos, mas sim varreduras em áreas de segurança, uma vez que só conseguiriam captar informações até 100 metros de distância. No depoimento hoje à comissão, Azevedo não forneceu detalhes, apenas confirmou o que disse Campana.

Também no mês passado, o ministro Nelson Jobim (Defesa) disse ter sido informado sobre a existência de maletas compradas pela Abin em conjunto com o Exército para a execução de varreduras ambientais que teriam capacidade para realizar grampos telefônicos. A informação de Jobim gerou uma série de especulações.