Líderes indígenas divulgam nota em repúdio às declarações de Temporão sobre Funasa

Líderes indígenas divulgaram hoje uma nota de repúdio às declarações dadas ontem pelo ministro José Gomes Temporão (Saúde). Ele disse que a atuação da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) é "de baixa qualidade e corrupta".

"Se há um antro de corrupção dentro da Funasa, o chefe é ele, o chefe maior", rebateu o representante dos indígenas no Conselho Nacional de Saúde, Yssôr Truká.

Os índios são contra a criação de uma secretaria de atenção à saúde primária, vinculada ao Ministério da Saúde, que ficaria responsável pela saúde indígena.

Segundo os índios, com a secretaria a responsabilidade pela saúde das populações indígenas passaria para os municípios, o que poderia gerar problemas, porque muitos governantes são donos de terras e disputam com os próprios índios.

"Os grandes latifundiários são prefeitos e vereadores e há um embate pela questão fundiária. Isso acontece, por exemplo, na [reserva indígena] Raposa/Serra do Sol."

Os líderes reclamam ainda que a decisão de transferir a saúde indígena foi tomada unilateralmente, sem discussão com as comunidades. "A população indígena não está participando das discussões. Não sabemos o que vai acontecer", disse o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena em Cuiabá (MT), Edmilson Terena.

Os índios disseram ainda que não são contra a extinção da Funasa, desde que seja criada uma secretaria específica para cuidar da saúde indígena e que a gestão continue a cargo da União. Eles defendem ainda a autonomia administrativa e financeira dos 34 distritos --áreas que reúnem diversas etnias.