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Battisti diz que refúgio é um alívio e faz planos para retomar carreira de escritor
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da Folha Online
O italiano Cesare Battisti, que obteve refúgio político no Brasil, disse hoje a seus advogados que está aliviado com a decisão do ministro Tarso Genro (Justiça). Na terça-feira, Tarso concedeu refúgio a Battisti, que é condenado pelo assassinato de quatro pessoas na Itália --o país havia pedido ao Brasil a extradição dele.
Para seus advogados, Battisti disse que pretende retomar sua carreira de escritor assim que deixar o presídio, em Brasília. "Vou reiniciar minha carreira de escritor. Passo a me concentrar na finalização do meu segundo romance."
De acordo com a defesa de Battisti, no nome do próximo livro de Battisti se chamará "Pé de Muro".
Os advogados de Battisti --Luiz Eduardo Greenhalgh, Suzana Figuerêdo e Fábio Antinoro-- entram ainda hoje com uma petição para soltar Cesare Battisti.
O Ministério das Relações Exteriores da Itália se reuniu ontem com o embaixador brasileiro Adhemar Gabriel Pahadian para pedir explicações sobre a decisão do Brasil de conceder refúgio político a Battisti.
No encontro, o governo italiano requereu que o Brasil recuasse em sua decisão e explicou os motivos desse pedido.
O Itamaraty informou que os motivos expostos pelo governo italiano serão transmitidos ao ministro Tarso Genro (Justiça).
Em São Paulo, Tarso defendeu a decisão do Brasil de conceder refúgio político a Battisti. "Estou tranquilo que tivemos a decisão correta, sem entrar no mérito do direito que tem o Estado italiano, e da fineza e da propriedade de considerar o Estado italiano um Estado democrático", afirmou.
Segundo ele, não houve influência política em sua decisão, que foi tomada de acordo com preceitos jurídicos e sem considerar um possível mal-estar diplomático entre Brasil e Itália.
Em seu blog, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) defende a decisão do Brasil de conceder refúgio político ao italiano. "Precisa ser apoiada e sustentada perante a opinião pública brasileira e internacional a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de dar asilo político ao escritor Cesare Battisti", diz ele no post publicado ontem no blog.
Revolta
A decisão do Ministério da Justiça revoltou os familiares das vítimas de Battisti. As associações de familiares das vítimas de terrorismo consideraram que o Brasil infligiu uma "humilhação" à Justiça italiana.
"Mais uma vez, houve total insensibilidade e falta de respeito à nossa democracia", disse Sabina Rossa, deputada do Partido Democrático (centro-esquerda), cujo pai foi assassinado pelas Brigadas Vermelhas.
Rossa se referia à recente decisão, há quatro meses, do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de não extraditar Marina Petrella, ex-militante das Brigadas Vermelhas, por questões de saúde.
"Assim como no caso de rejeição da extradição de Marina Petrella, continuamos a pensar que seria justo que a Itália pudesse julgar Cesare Battisti", insistiu Rossa.
Representantes do governo conservador de Silvio Berlusconi também manifestaram indignação com a decisão. O ministro do Interior, Roberto Maroni, disse que o "governo brasileiro [cometeu] um erro muito grave, que é uma ofensa às vítimas do terrorismo, ao sistema judiciário e ao povo italiano".
"Battisti é um criminoso que foi condenado por assassinato e merece tudo menos o estatuto de refugiado político", acrescentou Maroni, citado pela agência Ansa.
Com Ansa e France Presse
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