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Sarney critica divulgação de grampos e diz que no Brasil falta uma "absoluta democracia"
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criticou nesta quinta-feira a divulgação de grampos telefônicos que captaram conversas dele com o seu filho Fernando Sarney, nas quais discutiram o uso de duas empresas do grupo de comunicação da família para veicular denúncias contra adversários políticos do Maranhão. Sarney disse que, se o Brasil fosse uma efetiva democracia, as conversas são teriam sido vazadas.
"É uma conversa de ordem pessoal entre um pai e um filho, que, se nós estivéssemos num regime realmente de absoluta democracia, isso não existiria porque jamais nos teríamos uma conversa [divulgada] entre um pai e um filho", afirmou.
O senador reconheceu que, na conversa com Fernando Sarney, recomendou ao filho para divulgar notícia rebatendo as acusações contra o empresário feitas pelos seus adversários --ligados ao governador do Estado, Jackson Lago (PDT).
"Eu dizia que ele deveria se defender dos ataques que estava sofrendo e, ao mesmo tempo, publicar não era uma matéria de ataque nem de insulto, mas uma notícia sobre uma denuncia que existia concreta a respeito dele", disse.
Sarney afirmou, porém, que seu filho mostrou ser mais calmo do que o próprio parlamentar ao afirmar que iria se informar melhor antes de divulgar qualquer informação a respeito dos seus adversários políticos.
"Ele [Fernando] cuidadosamente disse assim: não meu pai, eu estou procurando me informar melhor para que, com maior segurança, a gente possa publicar. Então é uma conversa na qual nós ficamos muito bem, eu desejando que ele se defenda, e ele tendo cuidado", afirmou o senador.
O presidente do Senado disse não estar certo de que o teor da conversa com o seu filho divulgado pela imprensa foi fiel ao que realmente ocorreu. Sarney afirmou que não se lembra, por exemplo, de ter mencionado o nome da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na conversa com Fernando.
Diálogo
Reportagem da Folha afirma que Sarney e seu filho Fernando aparecem em uma escuta legal da Polícia Federal discutindo o uso de duas empresas do grupo de comunicação da família --a TV Mirante (afiliada da Rede Globo) e o jornal "O Estado do Maranhão"-- para veicular denúncias contra seus rivais do grupo do governador Jackson Lago.
O Maranhão vive uma acirrada disputa política entre Sarney, eleito presidente do Senado, e Lago --que também é acusado pelo grupo do senador de utilizar a mídia local para atacá-lo.
Em uma das conversas, a cujo áudio a Folha teve acesso, Sarney liga para seu filho pedindo que ele levasse à TV acusações contra Aderson Lago, primo e chefe da Casa Civil do governador Lago, que derrotou a filha de Sarney, Roseana, em 2006. Como as emissoras de TV operam por meio de concessão pública, a lei 4.117/62 veda seu uso para fins políticos.
Aliados de Sarney acusam Lago da mesma prática, utilizando veículos locais capitaneados pelo "Jornal Pequeno" para criticar a família do presidente do Senado. Em uma das conversas captadas pela PF, o senador teria questionado Fernando se ele havia recebido informações da Abin a respeito dos adversários.
O grampo foi feito pela PF nos telefones de Fernando, principal alvo da Operação Boi Barrica, que apura movimentações financeiras de empresas da família Sarney no período eleitoral de 2006. Fernando sacou R$ 2 milhões nos dias 25 e 26 de outubro daquele ano, três dias antes do segundo turno. O senador não é alvo do inquérito.
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Já pensaram em colocar Sarney como vice da Dilma?
Seria a fanfarra completa.
Afinal, ele é blindado. Ela poderia atirar à vontade...
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