Escritora francesa defende a recusa do Brasil em extraditar Battisti

A escritora francesa Fred Vargas defendeu a recusa do Brasil de extraditar Cesare Battisti, em uma entrevista ao jornal "Le Monde", destacando que pela primeira vez em cinco anos um país concluiu que o processo na Itália do ex-ativista está viciado.

"Pela primeira vez em cinco anos, um ministro da Justiça, o do Brasil, teve tempo de examinar documentos irrefutáveis, e concluiu que o processo italiano que havia condenado Battisti havia sido viciado", disse na entrevista, que foi publicada nesta sexta-feira.

"Muitos elementos permitiam duvidar da culpabilidade de Battisti: audiência de prova material, ausência de testemunha ocular confiável, uso exclusivo de testemunhos de arrependidos", reiterou a escritora.

Battisti foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinados cometidos durante os anos de chumbo do terrorismo, no fim dos anos 1970 na Itália. Ele nega as acusações.

"Eu nunca defendi a luta armada, de forma alguma e é ofensivo ouvir dizer que defender Battisti é ignorar as vítimas", disse Vargas, que apoia o ex-ativista porque considera que "seu processo foi falseado do início ao fim".