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30/05/2009 - 09h14

Egípcio divide países, e 9 vão disputar Unesco

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CLAUDIA ANTUNES
da Folha de S.Paulo, no Rio

As controvérsias em torno da candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, apoiado pelo Brasil, provocaram uma proliferação de candidatos à direção geral da Unesco, a organização da ONU para a educação, a ciência e a cultura.

Até ontem, dois dias antes do fim do prazo das inscrições, eram nove nomes, incluindo o da equatoriana Ivonne Baki, presidente do Parlamento Andino --o que evidencia a divisão entre os países sul-americanos quanto ao apoio ao egípcio, que o Itamaraty justifica como parte do processo de aproximação com países árabes.

As chances de formalização da candidatura do brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor da Unesco há oito anos, eram consideradas pequenas ontem. Embora Barbosa pudesse ser lançado por outros países que não o Brasil, fonte de seu gabinete, em Paris, considerava difícil que isso acontecesse a menos que o Itamaraty recuasse do apoio a Hosny.

O Itamaraty informou que nesta etapa da escolha mantém o endosso ao egípcio.

O processo eleitoral na Unesco é longo e cheio de manobras de bastidores --a hora da verdade só virá em setembro, quando o Conselho Executivo, com 58 países, reúne-se para escolher um nome que em outubro será apresentado à conferência geral de 193 nações.

Não pode ser descartada a possibilidade de que candidaturas sejam aceitas depois de domingo, incluindo a de Barbosa, caso nenhum dos candidatos se perfile como favorito.

Candidatos

Entre os nomes hoje na disputa pela sucessão do japonês Koichiro Matsuura, à frente da organização desde 1999, são considerados fortes o do Benin, Noureini Tidjani-Serpos, atual diretor-geral-assistente da Unesco para África, e o da Rússia, o vice-ministro do Exterior Alexander Yakovenko.

A Áustria apresentou a candidatura da comissária europeia de Relações Exteriores, Benita Ferraro-Waldner. Pela posição e por ser mulher, é considerada um bom nome, mas esbarra no fator geopolítico, já que europeus ocidentais estiveram várias vezes à frente da Unesco em seus 64 anos.

Apenas árabes e europeus do Leste --que, pela divisão geográfica da organização, ficam em bloco separado do formado por europeus ocidentais, israelenses e canadenses- nunca dirigiram a entidade.

Esse é um dos fatores pelos quais a candidatura de Farouk Hosny era considerada muito forte até maio de 2008, quando ele fez na Assembleia Nacional egípcia a declaração de que queimaria livros em hebraico encontrados em instituição oficial. Ele diz que a frase foi tirada de contexto e foi resposta às cobranças de um deputado da Irmandade Muçulmana.

No início da semana, jornais israelenses e egípcios informaram que, após acordo com o governo do Egito, Israel retirou o veto a Hosny e disse que suspenderia a campanha contra ele, acusado de antissemitismo por grupos judaicos. Mas a decisão pode ter chegado tarde.

Embora o Egito tenha sido o primeiro país árabe a reconhecer Israel, as relações bilaterais são tumultuadas. À Folha, na semana passada, Hosny, ministro há 22 anos, confirmou que se opõe à normalização das trocas culturais com israelenses.

Outro fator que joga contra sua candidatura é o regime ditatorial do Egito, sob estado de emergência desde o assassinato do presidente Anwar Sadat, em 1981, por extremistas islâmicos. Episódios de censura e denúncias de uso de tortura contra opositores se chocam com os princípios da Unesco.

O Brasil faz parte do Conselho Executivo da Unesco, com mais dez latino-americanos e caribenhos, dos quais outros dois, Chile e Cuba, apoiam Hosny. Da América do Sul, ainda estão no conselho Colômbia e Argentina, que não revelaram o voto.

 

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