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28/05/2004 - 06h09

Costa diz que só ele foi a fundo no caso de irregularidades na Saúde

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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em seu primeiro evento público depois da Operação Vampiro, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem ter sido o "único" a apurar com profundidade denúncias de irregularidades em licitações para a compra de hemoderivados feitas pela pasta.

Apesar de afirmar que não cabe a ele "julgar atitude de quem quer que seja" e que o caso "não deve ser politizado", Costa criticou indiretamente seus antecessores.

"Esse sistema funciona desde a década de 90. Nunca foi apurado com profundidade. O único ministro que apurou com profundidade fui eu. O único governo que apurou foi o do presidente Lula", disse Costa, após o lançamento do Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino.

O ex-ministro da Saúde Barjas Negri, que ocupou o cargo de fevereiro a dezembro de 2002, no fim da gestão Fernando Henrique, considerou "injusta" a frase de Costa. "O ministro está sendo injusto com seus antecessores porque eles também procuraram zelar pelo dinheiro público. Sempre que houve denúncia no ministério procuramos investigar."

Para o tucano Negri, o que houve dessa vez foi um avanço da PF, que conseguiu reunir mais informações para a investigação. "O ministro está confundindo iniciativa com êxito da Polícia Federal", disse Negri, que vai concorrer à Prefeitura de Piracicaba (SP).

Costa voltou a dizer que enviou à PF, em março de 2003, um pedido de investigação nas licitações de hemoderivados. A apuração resultou na Operação Vampiro, que prendeu 17 pessoas, seis delas servidoras da pasta. Entre elas está o ex-coordenador-geral de Recursos Logísticos da pasta Luiz Cláudio Gomes da Silva, que também é investigado por um processo de compra de insulina.

A operação levou o ministério a exonerar 25 funcionários.

Pela manhã, os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Waldir Pires (Controladoria Geral da União) haviam defendido o colega da Saúde.

"É impossível que se crie, por um passe de mágica, a solução para uma coisa como essa. É uma situação complexa, que vem lá de trás", disse Thomaz Bastos, usando argumento parecido com o do ministro da Saúde.

Sobre se os governos anteriores tinham falhado, respondeu: "Não quero olhar para trás. Não quero me transformar em uma estátua de sal, mas acho que nós estamos desde o primeiro dia do governo empenhados na transparência e na construção de um sistema de combate à corrupção".

Para ele, ao combater a corrupção, o governo corre o risco de a sociedade achar que ela aumentou. Thomaz Bastos negou que tenha havido descuido no caso.

Já Waldir Pires eximiu o colega da Saúde de responsabilidade por eventuais irregularidades cometidas pelo ex-coordenador-geral.

"Ele teve a infelicidade de escolher um gestor que não mereceu sua confiança. A responsabilidade criminal não se comunica nem de pai para filho. Também não teria nesse caso, se não seria um desastre", disse Pires.

Ao contrário da avaliação feita anteontem por Alexandre Grangeiro, coordenador do programa DST/Aids do ministério, Costa disse ontem que não faltarão preservativos devido à suspensão da última licitação, investigada.

Segundo o ministro, a legislação permite que a compra seja feita rapidamente, e cogitou a possibilidade de usar pregão.

A Folha procurou ontem a assessoria do ex-ministro José Serra, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, mas, até o fechamento desta edição, não conseguiu falar com ele.

Serra, que comandou a Saúde entre janeiro de 1999 e fevereiro de 2002, estava voltando do Rio de Janeiro para São Paulo.

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