Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/07/2004 - 06h24

Brasil Telecom afirma que alvo são italianos

Publicidade

da Folha de S.Paulo

A presidente da Brasil Telecom, Carla Cico, confirmou à Folha ter contratado o braço europeu da Kroll para investigar a Telecom Italia. No entanto, Cico negou "com veemência" que alguns dos alvos da investigação sejam autoridades do governo brasileiro.

"O escopo das investigações é apenas corporativo", disse Cico em entrevista telefônica. "Não tem nada a ver com governo." Mas fez uma ressalva: "Eventualmente, quando você entra numa investigação, não sabe quais são as ligações que você acha."

A direção da Kroll, por sua vez, lançou dúvidas sobre a autenticidade de todo o material apreendido pela Polícia Federal. Essa, acusam, seria uma estratégia da Telecom Italia para manipular o governo, abalando o comando da Brasil Telecom, num momento decisivo da disputa por seu controle acionário. "Não há inocentes aqui. Isso não é a história da Branca de Neve e os Sete Anões", disse Frank Holder, presidente mundial de investigações da Kroll, acrescentando que a empresa atua dentro da lei.

"Não fazemos, nem fizemos nada ilegal. A Telecom Italia, sim, comete atos questionáveis."

Enquanto Holder admite que os atos públicos do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, possam ter sido monitorados, a diretoria da Kroll no Brasil nega a investigação de autoridades brasileiras. "Nunca nos envolvemos em questões controversas, como espionagem de governo. Não existe gravação feita por nós sobre nenhuma autoridade, sobre nenhum funcionário da Telecom Italia. Sobre ninguém, aqui ou fora do Brasil", disse Eduardo Gomide, diretor-executivo do escritório brasileiro da Kroll.

Segundo Gomide, a atuação da Kroll se restringe ao cálculo do prejuízo da Brasil Telecom com a briga pelo comando da empresa.

Além disso, foram investigados os antecedentes de Luiz Roberto Demarco. Mas, frisa, tudo dentro da legislação brasileira e da lei americana que proíbe a corrupção de funcionários estrangeiros.

Também diretor da Kroll, Vander Giordano alega que o teor de e-mails, como os entre o ministro Luiz Gushiken e Demarco, só é obtido quando autorizado pela empresa contratante ou quando consta de processos judiciais.

A Kroll não explicou por que a operação foi batizada de "Projeto Tóquio". Cico descarta que seja uma referência à descendência japonesa de Gushiken, embora encontrar dados sobre o ministro seja descrito nos papéis da empresa Kroll como tarefa de "máxima prioridade".

"Nem sabia que a origem dele [do ministro Gushiken] era japonesa", disse Cico.

Entre os documentos em poder da Polícia Federal está a cópia de um e-mail que teria sido enviado por Cico à Charles Carr, chefe do escritório da Kroll na Itália.

Nessa mensagem, Cico solicita que se investigue a hipótese de a Telecom Italia ter feito pagamentos a políticos nos municípios de Ribeirão Preto e Santo André, administrados pelo PT.

A Folha enviou a cópia dessa mensagem a Cico. E obteve a seguinte resposta: "Não comento minha comunicação pessoal com a Kroll. Mas posso dizer que essa mensagem não é minha".

Segundo Cico, a obtenção de documentos sigilosos da Kroll pela própria Telecom Italia revela que a Brasil Telecom não é a única empresa a recorrer a espionagem corporativa. "Não sei quais documentos vocês têm em mãos, nem sei se foram falsificados ou não. Mas, evidentemente, a Telecom Italia está usando o mesmo instrumento", declarou.

Procurada, a direção da Telecom Italia não quis se manifestar sobre o assunto, alegando que já adotou as medidas cabíveis.

Leia mais
  • Empresa espiona alto escalão do governo Lula
  • Gushiken diz que investigações são "sórdidas"
  • Italianos saíram da Brasil Telecom para lançar serviço móvel

    Especial
  • Veja o que já foi publicado sobre a Brasil Telecom
  • Veja o que já foi publicado sobre espionagem no governo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página