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18/08/2004 - 04h36

Para Celso Lafer, política de Lula é a do espetáculo

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

O ex-chanceler Celso Lafer, 63, professor titular da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), criticou ontem o jogo da seleção brasileira de futebol no Haiti. "É a expressão da política externa como política espetáculo, que é a dimensão do estilo da atual administração", disse.

Ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Fernando Collor de Mello (92) e Fernando Henrique Cardoso (2001-02), não é contra o país integrar forças de paz no exterior, mas acusa a atual política externa de estar sendo "direcionada a dar satisfação ideológica interna".

Folha - Por que é importante para o Brasil gastar recursos, quadros e energia para liderar uma força de paz no Haiti?

Celso Lafer
- A participação do Brasil em forças de paz não é novidade, o que há agora é participação mais ampla. Em tempos recentes, enviamos tropas a Angola e Moçambique, que têm a mesma língua, e Timor Leste, país da Ásia com origem portuguesa e em fase de reconstrução. No caso do Haiti, há, de um lado, o elemento de solidariedade e, de outro, o uso de nossos recursos, já tão limitados, em ações internacionais.

Folha - Por que o Brasil acertou a liderança da força de paz com os EUA, mas fez questão de divulgar que o pedido foi da França? Não ficaria bem fazer uma aliança com os EUA, acusados de interferência nas questões internas do Haiti?

Lafer
- Não tenho informações precisas sobre isso, mas parece claro que há interesse tanto dos EUA quanto da França de que haja um terceiro atuando no país, com as características do Brasil. Se essa informação que você dá é correta, o governo preferiu aceitar um pedido francês a um norte-americano porque, para suas bases, ficaria melhor assim. A política externa deste governo tem sido direcionada a dar satisfação ideológica interna. É também uma operação de marketing político.

Folha - Qual o objetivo de assumir uma política externa ""agressiva" e de disputar liderança mundial? Faz sentido?

Lafer
- O Brasil sempre teve atuação importante no plano internacional, e ela sempre foi exercida com cuidado. Receio que a retórica de uma política agressiva, com aspas, mais atrapalhe do que ajude o Brasil a exercer um papel de destaque.

Folha - Por quê?

Lafer
- Nós somos um país de escala continental e de recursos limitados. Temos crescido no cenário internacional pela confiabilidade, não pela agressividade. Além do interesse específico em exportar e importar mais, o Brasil também tem interesse geral no funcionamento do multilateralismo. O que é preciso saber é se essa ação no Haiti vai ou não ajudar essa nossa presença nos foros internacionais.

Folha - O jogo no Haiti pode ser incluído em que categoria: política externa, injeção de ânimo interno, marketing brasileiro no exterior?

Lafer
- É a expressão da política externa como política espetáculo, que é a dimensão do estilo da atual administração.

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