Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/08/2004 - 04h33

Empresário acusa ex-governador do Amazonas de remessa ilegal

Publicidade

KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

O empresário brasileiro naturalizado americano Juarez Barreto Filho afirmou ter recebido US$ 2 milhões de Amazonino Mendes (PFL), ex-governador do Amazonas e candidato a prefeito em Manaus, pelo esquema de remessa ilegal de dinheiro investigado pela força-tarefa CC5 do Banestado. Segundo o empresário, a mesma afirmação foi feita em depoimento ao FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).

Barreto Filho, que atualmente vive em Nova York, disse que o dinheiro de Amazonino foi depositado em suas contas numa operação de câmbio realizada por meio da conta Beacon Hill, no Chase Manhattan Bank, também de Nova York.

Segundo as investigações da força-tarefa, US$ 13 bilhões originários do Brasil foram movimentados, entre 1999 e 2002, na Beacon Hill e nas subcontas dela.

Contrato

O empresário afirmou que sua empresa North American Export Agencies Inc. tinha --em 1996, durante a gestão de Amazonino-- um contrato de fornecimento de geradores elétricos para a Ceam (Companhia de Energia do Amazonas), órgão do governo amazonense, no valor de US$ 32 milhões.

Um representante do governo teria exigido US$ 12 milhões a título de "comissão" para fazer a concretização do negócio, segundo o relato de Barreto Filho, que teria se negado a pagar a quantia. Com isso, o governo amazonense desfez o contrato.

O empresário disse que pressionou o governo --inclusive ameaçando fazer denúncia de evasão de divisas para o exterior-- para receber alguma compensação pela quebra do contrato.

Compensação

O dinheiro enviado a Barreto Filho por Amazonino seria exatamente essa compensação. "Minhas perdas chegaram a US$ 2 milhões. Ele [Amazonino] ressarciu tudo", afirmou.

Barreto Filho disse ter feito esse relato a dois agentes do FBI que o procuraram, em sua casa, em 19 de agosto, durante uma investigação sobre sonegação fiscal.

Ele disse que recebeu três remessas de dólares pelas operadoras de câmbio no total de US$ 2.156.500 entre novembro de 1996 e julho de 2000.
O dinheiro foi enviado para as contas de suas empresas --North American e Valley Diesel and Equipament Inc.-- no banco Chase Manhattan.

Remessas

A reportagem obteve cópias de extratos das remessas de US$ 1.287.000 (enviada em 23/11/ 1996) e de US$ 187.500 (em 13/ 07/2000).

O dinheiro teria sido enviado pela "offshore" BCF Internacional/Cortez Câmbio e Turismo, dos doleiros de Manaus Messod Gilberto Benzecry e Carlos Alberto Taveira Cortez.

Os dois --e também o tesoureiro da BCF, Manuel Monteiro Cortez Filho-- foram presos no último dia 17, durante a Operação Farol da Colina, que resultou na prisão de 64 doleiros em sete Estados brasileiros.

"O dinheiro foi enviado pela Beacon Hill, mas quem mandou o dinheiro foi o Amazonino", disse Barreto Filho à reportagem.

O depoimento de Barreto Filho, concedido na semana passada à Agência Folha, é a primeira vez que um destinatário final assume ter recebido dinheiro por meio do esquema de remessas para o exterior envolvendo doleiros.

A Operação Farol da Colina, que prendeu 64 doleiros no último dia 17, buscou documentos em poder dos doleiros para chegar a esses destinatários finais das remessas no exterior.

Ação penal

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) transformou, em agosto, duas denúncias do Ministério Público Federal contra Amazonino em ações penais por acusação de fraudes em licitações e remessa ilegal de dólares.

Uma delas, a ação penal número 357, é resultado de denúncia do subprocurador Eitel Santiago, que investigou um suposto pagamento de comissão de US$ 3,1 milhões a Amazonino para intermediar licitações da empresa North American Export Agencies Inc., de Barreto Filho, em 1988 e 1989.

Amazonino foi denunciado por corrupção passiva. Barreto Filho e o representante da empresa no Brasil, Hugo da Silva Werneck, por corrupção ativa.

A ação está desde o dia 26 no gabinete do ministro César Asfor Rocha aguardando petição para o aprofundamento das investigações de outra remessa ilegal, de US$ 18 milhões, para o exterior, entre janeiro e novembro de 1995.

Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha em Londrina

Leia mais
  • Amazonino Mendes diz que afirmações são mentirosas

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Amazonino Mendes
  • Leia o que já foi publicado sobre o caso Banestado
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página