Diretor de jornal francês sugere a Lula que considere "prescrição moral" de crimes de Battisti

O diretor do jornal francês "Libération", Laurent Joffrin, disse hoje que o destino do terrorista italiano Cesare Battisti, cuja extradição foi aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nessa quarta-feira, ficou agora "nas mãos" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele afirmou que Lula deveria contribuir para "virar a página" deste assunto, levando em consideração uma "prescrição moral" dos crimes atribuídos ao ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo.

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Considerado terrorista em seu país, Battisti foi condenado à prisão perpétua devido a quatro homicídios ocorridos na década de 1970. Ele está detido no Brasil desde 2007 e recebeu, em janeiro deste ano, o status de refugiado político.

Ontem, por cinco votos a quatro, o STF decidiu pela extradição, requerida pela Itália. No entanto, os ministros da corte também optaram por delegar a palavra final a Lula, que terá a possibilidade de ratificar ou não o entendimento dos magistrados.

Joffrin avalia que o presidente brasileiro não deve obrigatoriamente seguir a doutrina instituída pelo ex-governante francês François Mitterrand (1981-1995), que acolhia ex-militantes italianos que decidissem abandonar a luta armada.

"O Brasil não é obrigado a respeitar os empenhos assumidos no passado por François Mitterrand", afirmou o diretor, acrescentando, porém, que Lula "deveria ao menos pensar em uma prescrição moral", se não há uma prescrição legal, já que se passaram 30 anos dos assassinatos.

Segundo Jofrrin, a linha adotada pelo ex-presidente francês "foi útil, porque permitiu tirar da clandestinidade e da violência toda uma geração de terroristas, o que, em um certo sentido, foi uma escolha que beneficiou também a Itália".

O diretor do "Libération" esclareceu, no entanto, que "nunca se posicionou" em favor de Cesare Battisti.