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08/11/2004 - 09h58

Alencar toma posse preocupado com general

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EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O vice-presidente da República, José Alencar, passa hoje a acumular o cargo de ministro da Defesa. Ele assume a vaga deixada por José Viegas na semana passada já preocupado com uma questão delicada: o futuro do comandante do Exército, general Francisco Roberto Albuquerque.

Desgastado entre os militares e prestigiado pelo Palácio do Planalto, Albuquerque terá de atualizar suas explicações sobre a recente crise no setor ao alto comando da Força, em reuniões fechadas, entre amanhã e quinta, no Quartel General do Exército.

Uma pesquisa elaborada na semana passada pelo Centro de Comunicação Social do Exército apontou que 85% dos militares condenaram os procedimentos da Força durante a recente crise, segundo a Folha apurou.

O estopim da demissão de Viegas ocorreu no dia 17 de outubro, quando foram publicadas pelo "Correio Braziliense" fotos de um homem nu, atribuídas inicialmente ao jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975. Viegas discordou do teor da nota redigida pelo Exército sobre o caso e pediu a demissão de Albuquerque.

As críticas internas estão justamente concentradas no fato de o Exército ter recuado de nota na qual defendia suas ações repressivas durante a ditadura militar (1964-1985). E também no fato de Albuquerque ter culpado publicamente, na segunda nota, o setor de comunicação do Exército em vez de, como comandante, ter assumido a responsabilidade pelo teor do primeiro texto divulgado.

As questões internas, aliás, são as únicas que Albuquerque precisa contornar para permanecer no cargo, pois já teve provas de que sua situação é mais confortável.

Ele tem o apoio de integrantes da cúpula do governo e sabe que Viegas decidiu deixar o cargo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dado o caso como encerrado após a nota de retratação.

Alencar torce e trabalha para que Albuquerque consiga reverter o clima negativo que tem hoje na Força, principalmente entre os oficiais da reserva. O vice teme que eventual demissão do comandante apenas iria vitaminar nova crise entre os militares.

Hoje pela manhã, ao lado de seus colegas Luiz Carlos Bueno (Aeronáutica) e Roberto Guimarães Carvalho (Marinha), Albuquerque participará, no Planalto, da cerimônia de posse de Alencar.

Sua nomeação na pasta, assim como a exoneração a pedido de Viegas, deve ser publicada hoje no "Diário Oficial" da União. Alencar acumulará dois cargos, mas ficará só com o salário de vice.

A sua permanência na pasta é apontada por integrantes do governo como um tapa-buraco antes da segunda reforma ministerial de Lula, prevista para 2005.

Com a saída de Viegas, o vice-presidente foi a única solução imediata encontrada por Lula, que não tinha em mãos um nome que fosse capaz de amenizar a alta tensão nas Forças Armadas e preenchesse, em definitivo, um cargo político na Esplanada.

No discurso de hoje, elaborado por assessores da Vice-Presidência, Alencar citará a importância das Forças para a defesa do território do país. Temas como reestruturação, segunda parcela do reajuste salarial aos militares, permanência das tropas brasileiras no Haiti e programa para o setor aéreo não devem ser abordados.

Alencar já sinalizou a Viegas que deverá manter a maioria da equipe que atua hoje na pasta. Amanhã, ambos voltam a se encontrar para tratar desse tema.

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