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30/11/2004 - 09h22

Governo é "incompetente" e "o rei está nu", afirma FHC

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da Folha de S.Paulo

No mais duro ataque feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em São Paulo, que o governo Lula é "incompetente" --e que é preciso que os tucanos mostrem que "o rei está nu".

"Este governo é incompetente. Ele é incompetente. Incompetência não é ofensa. E competência é a análise de um conjunto de ações e de seus resultados. Vejam o que está acontecendo. Digam, comparem, mostrem. É verdade. Quem sabe ele melhore a sua competência. E o governo só não deixa transparecer mais a sua incompetência porque o presidente Lula é competente em falar com a população. Mérito dele. E isso de alguma maneira embaça a percepção de quanto a coisa não anda."

O ex-presidente participava do seminário Herança e Futuro da Construção do Desenvolvimento no Brasil --aberto só para convidados, no Instituto Sérgio Motta, ligado ao PSDB. Também participaram do evento os economistas José Roberto Mendonça de Barros e André Urani e o deputado José Carlos Aleluia (BA), líder do PFL na Câmara. À tarde, o ex-presidente voltou a fazer críticas ao governo Lula, mais amenas, num debate aberto.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto disse que não comentaria as declarações de FHC.

Antes de acusar Lula de ser incompetente, o ex-presidente afirmou que a oposição usa "luvas de pelica" para criticar o governo federal, enquanto, durante suas duas administrações, os petistas diziam "infâmias" a seu respeito.

"Alguém usou luvas de pelica para me criticar? Leiam os jornais. Vejam o que diziam os líderes de hoje. Quantas infâmias. Nós não queremos fazer infâmias, não devemos. Mas não precisamos ter luvas de pelica." Segundo FHC, foi preciso passar "por toda a experiência do PT" para
descobrir "que eles não têm proposta alguma diferente da proposta que estava em marcha no país". "Zero."

Disputa política

O ex-presidente exortou seus aliados a participarem da disputa política --"é preciso dizer claramente que o rei está nu"--, afirmando que seu governo perdeu a disputa ideológica contra o PT no final do segundo mandato por medo de debater --"ficamos com medo de um tigre de papel".

"Política significa o seguinte: você tem um adversário. Não adianta ter um lado e ficar em casa. Você tem um adversário e você luta contra ele. É preciso entender isso", disse.

"Nós perdemos a batalha ideológica a partir de um certo momento, nós perdemos para o PT. E ficamos assustados. A qualquer grito do PT, isso paralisava a capacidade de dar sustentação ao nosso governo. As pessoas votavam a favor, mas não iam para a tribuna defender. Não todos, obviamente. Nós perdemos a batalha ideológica diante de um inimigo que era um tigre de papel. Nós ficamos com medo de um tigre de papel. Não podemos continuar com esse medo. É preciso dizer claramente o rei está nu, o rei está nu. Porque, se nós não dissermos isso, a população não vai entender", afirmou.

FHC disse que, a cada "pitadinha" pública que dá, irrita os petistas por, segundo ele, dizer a verdade. O ex-presidente fez referência específica às críticas feitas por ele, às vésperas da eleição municipal, a um suposto projeto hegemônico do PT.

"Cada vez que eu dou uma pitadinha, eles ficam nervosos. Mas dizendo que era muito bom que essa eleição municipal tivesse um resultado que pudesse impedir a concentração de poder num só grupo, e é antecipação de reeleição. Só dizer que ninguém é reelegível de forma absoluta, já ficam... Parece que fiz uma ofensa. É que eu peguei no centro do que querem. E querem precisamente um modelo que não vai ser posto em prática porque a sociedade brasileira é outra, ela é mais dispersa, ela é fragmentada, ela tem interesses contraditórios", declarou.

FHC procurou orientar a forma como a oposição deve conduzir o debate na disputa pela eleição presidencial de 2006 --usando "a palavra e a pena", disse ele, "sem cerimônias e com respeito". "A vitória em 2006 tem de começar com uma vitória da convicção. Partido sem convicção é partido inútil. E não falo só do meu, me refiro ao conjunto dos partidos."

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