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06/12/2004 - 17h46

Maluf "admitiu negando" envio de dinheiro ao exterior, diz procurador

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TATHIANA BARBAR
da Folha Online

O procurador Pedro Barbosa Pereira Neto, autor das denúncias contra Paulo Maluf por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha, afirmou hoje que o ex-prefeito "admitiu negando" ter feito remessas de dinheiro não declaradas para contas bancárias no exterior.

Pereira Neto acompanhou hoje o primeiro depoimento em juízo de Maluf sobre as denúncias, acatadas pela juíza da 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Sílvia Maria Rocha. Maluf foi interrogado na Justiça Federal de São Paulo. O processo corre sob sigilo de Justiça.

Após o depoimento, Maluf se recusou a dar entrevistas. Disse apenas que "em respeito a decisão da juíza, que decretou segredo de Justiça, nada ia declarar".

Pereira Neto também evitou comentar detalhes do depoimento. "O processo corre sob segredo de Justiça e ainda vou analisar o interrogatório. O Ministério Público trabalha com a hipótese de que ele [Paulo Maluf] praticou um crime e vai provar a acusação", disse.

Segundo o procurador, Maluf respondeu a todas as perguntas da juíza. Ainda de acordo com ele, Maluf declarou formalmente que o procurador é seu inimigo pessoal. "Ele declarou formalmente que sou seu inimigo pessoal, uma estratégia de defesa para tentar tirar o Ministério Público do processo."

Pereira Neto afirmou também que ainda nesta semana recorrerá à decisão da Justiça Federal de São Paulo, que negou no último dia 30 o pedido de prisão preventiva de Maluf.

Até hoje, Maluf só havia sido ouvido pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público e recorria ao direito constitucional de falar somente em juízo.

Paulo Maluf chegou com 30 minutos de antecedência à Justiça Federal, por volta das 14h, acompanhado de seus advogados, José Roberto Leal de Carvalho e Ricardo Tosto. O depoimento durou cerca de 45 minutos.

A juíza Sílvia Maria Rocha afirmou, por meio de sua assessoria, que os advogados de Maluf têm três dias para apresentar a defesa prévia do ex-prefeito.

Investigações

As investigações contra o ex-prefeito começaram em junho de 2001, quando a Promotoria teria descoberto indícios da existência de ao menos US$ 200 milhões em contas bancárias de Maluf e de seus familiares em Jersey, um paraíso fiscal no canal da Mancha.

Os promotores Silvio Marques e Sérgio Turra sustentam que Maluf teria desviado recursos da construção da avenida Água Espraiada --atual jornalista Roberto Marinho-- e do túnel Ayrton Senna, durante sua gestão na Prefeitura de SP (1993-1996). O esquema teria continuado na gestão Celso Pitta (1997-2000).

Silvio Marques disse que Maluf recebia de 20% a 30% do valor de cada obra. As duas custaram, segundo promotores, US$ 1,2 bilhão.

Segundo o promotor, a maioria do dinheiro passava pelos Estados Unidos via Banestado e seguia até a Suíça. A Promotoria afirma ter recebido documentos de Jersey, Estados Unidos e Suíça, que estão sob sigilo.

Acusações

A Procuradoria da República dividiu as acusações contra o ex-prefeito em duas ações penais que, mais para frente, deverão ser juntadas.

A acusação do primeiro processo é por evasão de divisas --e é sobre isso que Maluf falou hoje. Sobre a segunda ação, na qual Maluf foi denunciado sob acusação de lavagem de dinheiro, evasão de divisas (na condição de co-réu) e formação de quadrilha, ele só será interrogado em março.

Além de Maluf, são réus no processo penal por lavagem de dinheiro o filho Flávio, a mulher dele, Jacquelline, a filha Lígia, e o marido dela, Maurílio Curi. Todos foram obrigados a entregar seus passaportes como garantia de que não sairão do país.

Segundo o Ministério Público, os Maluf movimentaram cerca de US$ 446 milhões na Suíça de forma não declarada no Brasil. O ex-prefeito afirma que não tem contas fora do país e se diz perseguido politicamente.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a assessoria de Paulo Maluf afirmou que o ex-prefeito não vai se pronunciar sobre as declarações do promotor nem comentará detalhes do depoimento.

Com Folha de S.Paulo

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