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09/12/2009 - 14h00

Família de Dorothy Stang pede justiça às vésperas de julgamento de assassino

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da Efe, no Rio

Os familiares de Dorothy Stang, a freira americana assassinada em Anapu (PA) em 2005 por defender trabalhadores rurais e a preservação ambiental na Amazônia, clamaram hoje por justiça, às vésperas do novo julgamento de amanhã. Será o terceiro julgamento em quatro anos a que será submetido o assassino confesso da religiosa.

"Eu só quero justiça. Quero que a verdade seja aceita e os direitos respeitados", afirmou David Stang, irmão da missionária, em declarações a jornalistas em sua chegada a Belém, onde acontece o novo julgamento de Rayfran das Neves Sales.

Sales, autor confesso do crime, foi condenado inicialmente em dezembro de 2005 a 27 anos de prisão por homicídio qualificado e por ter atuado como assassino de aluguel.

O assassino teve direito a um novo julgamento, benefício previsto pelas leis brasileiras a condenados a mais de 20 anos de prisão. Em outubro de 2007, a pena foi elevada para 28 anos, mas só pelo crime de homicídio qualificado, já que ele negou na época ter recebido dinheiro.

A sentença foi cancelada porque, após a comprovação do pagamento de recompensa, o Ministério Público exigiu que a condenação fosse aumentada em um novo julgamento.

Dois meses antes de o assassinato completar cinco anos e sem que nenhum dos acusados de ter encomendado o crime esteja preso, as companheiras de Dorothy na congregação Notre Dame de Namur, que continuam trabalhando pelos camponeses na Amazônia, denunciam que as ameaças continuam e temem novos homicídios.

Dorothy, que tinha 73 anos, foi assassinada em uma emboscada em uma zona rural de Anapu, onde liderava um projeto de assentamento de trabalhadores rurais sem-terra. A religiosa, que vivia há décadas na Amazônia, tinha sido ameaçada de morte em várias oportunidades por fazendeiros, madeireiros e latifundiários da região.

Além de Sales, há outros dois condenados até agora pelo crime. Clodoaldo Carlos Batista, que acompanhou o autor dos disparos, mas estava desarmado, e o fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, que admitiu ter sido um intermediário no crime.

Batista e Cunha foram condenados a 17 e a 18 anos de prisão, respectivamente, e, após terem cumprido três anos, passaram ao regime semiaberto.

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, condenado em primeiro julgamento a 30 anos de prisão por ter encomendado e financiado o assassinato, foi absolvido em segunda instância, em uma decisão que causou protestos de várias ONGs e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Moura se beneficiou então de uma mudança de testemunho do pistoleiro, que alegou ter atuado por iniciativa própria. O fazendeiro vai ser julgado novamente, ainda sem data marcada, e espera em liberdade.

"Esse homem também deveria ser julgado amanhã. Não queremos assistir a outro espetáculo de falsidades. Esperamos que, pelo menos desta vez, a justiça prevaleça", disse David Stang.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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