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01/03/2005 - 17h15

Delegado ouve novamente pistoleiros acusados de matar missionária

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da Folha Online

Os pistoleiros acusados pelo assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, no último dia 12, em Anapu (PA), foram ouvidos novamente nesta terça-feira pelo delegado da Polícia Civil, Waldir Freire.

Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, disseram ontem, à Comissão Externa do Senado, criada para acompanhar as investigações sobre a morte da missionária, que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, citado como mandante do crime, teria dito que o prefeito de Anapu, Luiz dos Reis Carvalho (PTB), financiaria as despesas de advogados, caso eles fossem presos.

O delegado disse que é preciso analisar com cautela a nova versão apresentada pelos dois acusados, "para evitar qualquer dano moral a uma pessoa pública".

Freire disse que achou estranho o fato de só agora eles terem feito alusão ao envolvimento do prefeito. Para o delegado, é possível que os dois pistoleiros tenham a intenção de confundir os investigadores.

"Com base nessas declarações de ontem é que nós vamos proceder a oitiva dos acusados no sentido de determinar se eles estão mentindo, se inventaram mais essa situação para confundir o trabalho da polícia."

Apesar de se mostrar desconfiado quanto à possibilidade de formação de um consórcio para o pagamento de advogados dos acusados, Freire garantiu que a polícia vai investigar todas as hipóteses.

"Eles [os pistoleiros] ouvem a notícia na mídia e só agora falam em consórcio. Duas pessoas com a quinta série primária, que não sabem na realidade o que vem a ser um consórcio."

O delegado disse que não quer desviar o foco das investigações, mas defendeu que a polícia precisa aprofundá-las. "Não basta chegar uma pessoa e dizer isso para a gente acreditar de primeira. Vamos checar essas informações, no sentido de que a gente possa ter a verdade, porque o que procura a polícia é a absoluta verdade, sem a preocupação de quem sejam as pessoas envolvidas", afirmou.

Segundo o delegado, o prefeito já se dispôs a prestar depoimento para esclarecer os fatos. "O prefeito já foi acionado para marcar data, hora e local em que será ouvido, porque, constitucionalmente, ele tem esse direito."

Ontem, Luiz dos Reis Carvalho refutou as acusações dos dois pistoleiros. "Acho que foram muito infelizes no que disseram. Fiquei indignado ao saber. Não conheço os assassinos, conheço o Bida. Se ele estiver na cidade, eu sei quem é ele", disse o prefeito.

Inquérito

As polícias Federal e Civil entregaram nesta segunda-feira à Justiça o inquérito concluído sobre o assassinato da missionária, cumprindo o prazo penal estabelecido para o processo, que é de dez dias, a contar da data da prisão do primeiro acusado, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, suposto intermediário do crime. Ele se apresentou no sábado, dia 19, à Polícia Civil do Pará em Altamira.

A polícia indiciou Fogoió e Eduardo como autores, Bida como mandante e Tato como intermediário do crime. Os quatro acusados foram indiciados por homicídio qualificado, segundo o delegado Waldir Freire.

Mandante

O acusado de ser o mandante do crime, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, negocia sua entrega --por meio de advogados--com a cúpula da Polícia Federal. A PF divulgou na sexta-feira uma foto recente de Bida.

Fuga

A Polícia Federal prendeu na tarde deste sábado em Belo Monte, no oeste do Pará, dois homens acusados de dar suporte a fuga do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura.

Segundo a PF, os presos Magnaldo Santos, o Negão, e Cleoni Santos trabalhavam como vaqueiros na fazenda de Bida. Os dois negaram a acusação em depoimento dado ao delegado da PF em Altamira, Ualame Machado.

Os dois vaqueiros tiveram a prisão temporária decretada na sexta-feira pela Justiça do Pará. Um terceiro homem ligado a Bida também teve a prisão decretada e é procurado na região de Anapu e Altamira.

Com Agência Brasil

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