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20/04/2005 - 20h43

Dom Luciano diz que Bento 16 é capaz de expor doutrina com clareza

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Dom Luciano Mendes de Almeida, 74, arcebispo de Mariana (MG) e ex-presidente da CNBB de 1987 a 1995, disse que Bento 16 é capaz de "expor com clareza a doutrina e de captar os desafios atuais que exigem discernimento e respostas novas".

Disse ainda que a fidelidade à tradição, uma característica da igreja, deve estar unida ao "empenho em atender as novas solicitações". Para ele, também deve merecer "especial atenção da igreja" a intensificação dos trabalhos das comunidades.

Folha - Que avaliação o sr. faz da escolha de Joseph Ratzinger?

D. Luciano Mendes de Almeida É o momento em que devemos recordar as palavras de Jesus Cristo ao apóstolo São Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". A eleição de um papa difere de outras eleições porque a igreja conta com a especial proteção divina.

Isso é importante porque não se trata de fazermos uma avaliação na base apenas das qualidades de quem é escolhido, mas devemos sempre confiar na proteção divina. A acolhida a ser dada ao novo papa é uma expressão de fé nas palavras do Bom Pastor, que sempre acompanha a sua igreja.

Os anos de experiência ao lado de João Paulo 2º e o amplo conhecimento do episcopado conferem ao novo papa especiais condições de promover a unidade e a caridade na igreja e de dar seqüência ao serviço que deve ser prestado à humanidade na promoção da justiça, da concórdia e da paz.

Folha - Com relação à doutrina da igreja, o que esse novo pontificado pode representar?

D. Luciano A constante dedicação aos estudos teológicos asseguram capacidade de expor com clareza a doutrina e de captar os desafios atuais que exigem discernimento e respostas novas.

Folha -É possível conciliar essa doutrina mais tradicionalista com as questões que muitos cobram respostas da igreja?

D. Luciano- Identifico na fidelidade à tradição uma característica de todo pontífice, pela própria natureza de sua missão. Isso deve estar unido ao empenho em atender as novas solicitações. É necessário que se harmonize a fidelidade ao tesouro da fé com a perspicácia em ir ao encontro das situações que solicitam o serviço da igreja à humanidade.

Folha- O que o sr. considera mais premente?

D. Luciano?- O diálogo com outras religiões, em particular com o mundo muçulmano, o enfrentamento das injustiças e desigualdades sociais que afligem larga parte da humanidade, o esforço para superar a violência e fugir à tentação da guerra, à corrida armamentista, buscando soluções pelo recurso da organização mundial de nações, o zelo pela ecologia e a preservação do planeta. E em especial os gravíssimos problemas referentes à vida humana que deve ser respeitada sempre em sua dignidade.

Folha- Sobre maior abertura na igreja, especialmente para as comunidades de base, o papa pode fazer isso ou, pelo que se conhece do pensamento dele, a igreja não deve esperar muito?

D. Luciano- É um pouco antecipado a gente tecer aspectos particulares. Mas creio que um dos aspectos que há de merecer especial atenção da igreja nesta fase da humanidade é a intensificação das comunidades como forma evangélica de viver a fé, a comunidade e o serviço à sociedade, vencendo a inclinação ao individualismo e ao segregacionismo.

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