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Amigo diz que delator de esquema de corrupção no DF está "tranquilo"
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MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Apontado como uma das principais testemunhas da atuação da cúpula do governo do Distrito Federal no suposto esquema de pagamento de propina, o jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Edson Sombra, solicitou nesta quinta-feira à Polícia Federal o adiamento de seu depoimento.
Amigo de Durval Barbosa, autor das denúncias, Sombra argumentou que não estava "preparado" e que precisaria de mais 15 dias para dar explicações à Polícia Federal sobre as denúncias de corrupção que envolvem o governador José Roberto Arruda (sem partido). "Eles [policiais] querem me ouvir profundamente. Eu disse que não estava preparado", afirmou.
Em conversa de quase uma hora com o delegado Alfredo Junqueira, Sombra alegou que ainda não teve conhecido profundo sobre o inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que investiga as denúncias de corrupção que envolvem o governador.
Segundo o jornalista, o inquérito representa uma peça delicada porque revive todo o sofrimento que Barbosa passou. Questionado sobre a situação do delator, ele afirmou que Barbosa está "tranquilo".
Depoimento do delator ao Ministério Público indica que o jornalista foi um dos principais incentivadores para que o esquema fosse denunciado. Sombra, ainda de acordo com o depoimento, recebeu cópia dos vídeos que mostram Arruda, secretários de governo, assessores, deputados distritais e empresários negociando suposta propina.
A Polícia Federal tem encontrado resistência para ouvir pessoas citadas no inquérito ou investigadas por suposta participação no esquema. Pela manhã, o ex-assessor de imprensa do governo do DF Omezio Pontes não compareceu ao depoimento.
Pontes, apontado por Durval Barbosa como um dos distribuidores da propina, não se apresentou no prédio da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
O ex-assessor de Arruda, que aparece em dois vídeos gravados por Barbosa supostamente tratando do esquema, chegou a avisar ao delegado Alfredo Junqueira que iria prestar depoimento.
Após uma hora de espera e sem nenhum sinal de Pontes, o delegado cancelou a oitiva. Ele será convocado mais uma vez, se não aparecer, na terceira poderá ser conduzido pela Polícia Federal.
Até agora, das 12 pessoas convocadas, apenas duas aceitaram colaborar com as investigações da Operação Caixa de Pandora.
Outros investigados na operação que são ligados ao governador também evitam dar explicações. O ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel se reservou ao direito de permanecer calado.
A estratégia também foi adotada pelo policial aposentado Marcelo Toledo, assessor do vice-governador, Paulo Octávio (DEM). Toledo, acusado de ser arrecadador do esquema, conseguiu um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e permaneceu calado durante depoimento.
Outra tática é adiar os depoimentos, como fizeram o empresário Helio de Oliveira, dono de uma empresa de informática investigada, e o ex-chefe de gabinete de Arruda, Fabio Simão.
A Polícia Federal só conseguiu ouvir a diretora comercial da Uni Repro, Nerci Soares, e outro depoente que não teve a identidade revelada. Nerci falou por mais de três horas, mas o delegado responsável não autorizou a divulgação do conteúdo.
Ao todo, o inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) envolve 36 pessoas, entre autoridades do governo local, deputados distritais e empresários. Segundo o inquérito, há indícios da prática dos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa e passiva, fraude de licitação e crime eleitoral.
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