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22/05/2005 - 20h00

Contra CPI, Lula muda discurso e pede combate à corrupção

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez neste domingo um balanço da atuação do governo federal no combate à corrupção e avaliou que a percepção da sociedade de que houve um aumento da corrupção acontece porque nunca ela foi tão combatida no país.

Thomaz Bastos interrompeu por um dia suas férias, para uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes do embarque do presidente para viagem de uma semana à Coréia e Japão. O ministro apresentou a Lula um resumo das investigações sobre as denúncias de corrupção nos Correios.

"Eu ouso dizer que nenhum governo trabalhou de forma tão sistemática no combate à corrupção, o que talvez explique um pouco a percepção de que a corrupção está aumentando."

O ministro elogiou em especial o papel da Polícia Federal e garantiu que ela trabalha com total imparcialidade. Ele deu como exemplo do empenho do governo a operação da PF em Alagoas.

"Esta operação foi feita agora em Alagoas, onde efetivamente se pode dizer que as pessoas estavam tirando o leite da boca das crianças, porque ali se tratava do desvio de merenda escolar, de acesso à educação. Esta ação é paradigmática, pedagógica, que deve servir de exemplo."

Segundo o ministro da Justiça, o encontro com o presidente serviu também para que Lula lhe fizesse algumas recomendações. "Recomendações que são reiterações daquilo que ele (Lula) falava desde antes. Ou seja, é preciso fazer uma apuração rigorosa, ampla, uma apuração que nem proteja ninguém e nem persiga ninguém, uma apuração impessoal."

As recomendações mostram uma mudança de discurso do governo, que até ontem tratava o assunto (denúncias de corrupção nos Correios) como uma manobra da oposição para desestabilizar a gestão Lula, motivada pela sucessão presidencial de 2006. Até a última sexta-feira (20), o presidente Lula dizia não estar preocupado com o assunto.

Mas atualmente dirigentes de partidos aliados e do PT alertam que o agravamento dos erros na condução da crise política podem até comprometer o projeto de reeleição.

"O presidente me falou hoje, vamos fazer uma investigação sem olhar para os partidos, sem olhar para os ministérios, sem olhar para o que quer que seja. É uma investigação impessoal, que visa a apurar com critério, com firmeza os delitos", disse Thomaz Bastos.

O ministro admitiu que durante seu encontro com o presidente foi comentada muito rapidamente a possibilidade de instalação da CPI (comissão parlamentar de inquérito) para investigar as denúncias sobre corrupção nos Correios.

Thomaz Bastos não adiantou o que o presidente falou sobre o assunto, mas disse que pessoalmente não defende a tese de se trabalhar para impedir que a CPI seja instalada. "Eu defendo a autonomia do Congresso. Ele é que sabe se deve abrir ou não a CPI e se vai chegar aos seus objetivos."

Em relação a uma possível ligação entre as denúncias envolvendo o ministério da Saúde, na chamada Operação Vampiro, e as denúncias dos Correios, Tomaz Bastos confirmou que há indícios de que algumas empresas estejam envolvidas nos dois casos, mas disse que ainda não teve confirmação do fato.

Ele informou ainda que a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar as denúncias de corrupção no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil).

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