Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/06/2005 - 16h14

Entenda a crise do governo Lula

Publicidade

da Folha Online

As denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava uma suposta mesada a deputados do PP e PL em troca de apoio nas votações de interesse do Executivo, causaram a mais aguda crise do governo Lula.

Pela primeira vez desde que surgiram suspetias de corrupção em estatais e de tráfico de influência envolvendo parlamentares da base governista, o noticiário político afetou a economia. Na segunda-feira (6), além de o governo enfrentar mais uma crise de credibilidade, a bolsa caiu e o dólar subiu.

Embora tenha sido a crise mais dramática, este não é o primeiro episódio do governo Lula envolvendo denúncias de irregularidades ou desentendimentos dentro da base aliada.

Veja a seguir os episódios que marcaram a crise prolongada do governo:

Eleição na Câmara

A falta de articulação política do governo, alvo constante de críticas da oposição, foi explorada ao máximo com a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara. Foi a primeira vez na história recente da democracia brasileira em que a presidência da Câmara não foi ocupada por um membro do partido que tem maioria na Casa.

O resultado da eleição concretizou o racha do PT com o lançamento de uma candidatura independente no próprio partido. O candidato oficial Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) teve que enfrentar a concorrência de Virgílio Guimarães (MG), que buscou apoio em desafetos do governo, como o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), e teve seus direitos partidários suspensos por um ano por ter lançado uma candidatura dissente à presidência da Câmara.

A dissidência expôs a fragmentação do PT, dividido entre a ala moderada, que ocupa os principais cargos no governo, e a ala radical, composta por representantes de peso na história do partido. Após a derrota histórica, Greenhalgh chegou a afirmar que havia perdido a eleição, mas que a derrota era do governo. Severino construiu sua candidatura com a promessa de elevar os salários dos deputados.

Correios

Reportagem da "Veja" mostrou um suposto esquema de corrupção nos Correios. O chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da empresa, Maurício Marinho, aparece em uma gravação negociando propina com empresários. Na fita, ele diz que opera com o aval do diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Batista, e do deputado federal Roberto Jefferson.

A oposição propôs a criação de uma CPI mista no Congresso para apurar o caso dos Correios. O governo tentou ao máximo retirar assinaturas para abafar a CPI. Um recurso do deputado João Leão (PL-BA), que contesta a legalidade da CPI, foi encaminhado à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Depois da CCJ, o recurso será analisado no plenário da Câmara onde o governo confia ter maioria. Com as denúncias de Jefferson, a briga para encerrar a CPI promete ser ainda mais acirrada. Em meio à enxurrada de denúncias, o presidente Lula afirmou que a CPI era uma tentativa de antecipar o debate sucessório.

IRB

No fim de maio, surgiu um novo escândalo. Reportagem da "Veja" afirmava que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, exigia uma mesada de R$ 400 mil por mês a Lídio Duarte, então presidente do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), indicado pelo PTB. Duarte já havia pedido demissão dois meses antes da denúncia. Ele teria sido pressionado por Henrique Brandão, amigo de longa data de Roberto Jefferson, ele é dono da Assurê, uma corretora de seguros credenciada pelo IRB. A Polícia Federal foi encarregada de investigar o caso.

O IRB é o seguro do seguro que, na prática, significa que quando uma companhia assume um contrato de seguro superior à sua capacidade financeira, ela necessita repassar o risco para uma seguradora. O Tesouro detém hoje 51% das ações do instituto. O governo pretende privatizá-lo.

O governo reenviou ao Congresso o projeto de lei para regulamentar o fim do monopólio estatal no mercado de resseguros. O governo Fernando Henrique Cardoso tentou privatizar o IRB em 1998, mas o PT impediu a privatização com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei ordinária que transferia a atividade para a Susep. O projeto atual do Executivo prevê a abertura gradual do mercado para entrada de novos competidores.

Início

A crise no governo Lula começou em agosto de 2004. Um dos principais homens de confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil), Waldomiro Diniz, foi exonerado do cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República após denúncias, em fevereiro, de que negociava com bicheiros o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais.

Outro caso de grande repercussão no partido foi o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) em janeiro de 2002. Ele estava acompanhado do empresário Sérgio Gomes da Silva.

Para a família, a morte do prefeito está ligada às denúncias de cobrança de propina de empresários do setor de transportes em Santo André. O prefeito teria tentado impedir o funcionamento do esquema, que envolveria, entre outros, Gomes da Silva e o vereador do PT Klinger de Souza.

Leia mais
  • Erramos: Entenda a crise do governo Lula
  • PTB decide afastar Roberto Jefferson após declarações sobre mensalão

    Especial
  • Leia a cobertura completa sobre o caso da mesada no Congresso

    Sites relacionados
  • Ouça trechos da entrevista de Roberto Jefferson (Só para assinantes do UOL)
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página