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15/06/2005 - 15h02

Em nota, BB contesta entrevista de ex-secretária sobre denúncias de Jefferson

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da Folha Online

Em nota divulgada nesta quarta-feira, o Banco do Brasil afirma que as declarações da ex-secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio, que trabalhou com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza entre abril de 2003 e janeiro de 2004, publicadas em entrevista na revista "IstoÉ", são "desrespeitosas e caluniosas".

Marcos Valério é dono da agência SMP&B Comunicação e foi apontado pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), como o principal operador do suposto esquema de pagamento do "mensalão" a parlamentares do PP e do PL. O esquema teria sido montado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Suares, em troca de apoio político ao governo.

A ex-secretária, além de confirmar a ligação entre o seu ex-chefe e o tesoureiro do PT, afirmou à revista que o dinheiro viria de um esquema de licitação para as contas publicitárias do Banco do Brasil, cuja empresa de Marcos Valério está entre as vencedoras.

"Todo mundo sabe que tem mutreta no fato de a empresa [SMP&B] ter um bom dinheiro do Banco do Brasil. É tudo negociata. Sei que eles passam dinheiro para o pessoal do governo. Quando você entra numa concorrência já sabe quem vai ganhar e quem não vai."

De acordo com a nota do banco, "o BB realizou processo licitatório público, concluído em setembro de 2003, que resultou na contratação de três agências de publicidade. As empresas vencedoras foram D + Brasil Comunicação Total, DNA Propaganda e Ogilvy Brasil Comunicação. O processo atendeu integralmente à Lei de Licitações, estando os documentos pertinentes à disposição dos órgãos competentes. Mesmo entendendo serem inconsistentes as declarações divulgadas na entrevista, o Conselho Diretor do BB determinou às áreas competentes a apuração dos fatos".

Segundo Fernanda Somaggio, seu ex-chefe sacava dinheiro no Banco do Brasil e no Banco Rural e entregava aos políticos. Ela cita encontros entre Marcos Valério, o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. A secretária afirma que já viu sair da agência "malas de dinheiro" e, num trecho da entrevista, diz que, no fim de 2003, presenciou a saída de R$ 100 mil para o irmão do então ministro dos Transportes, Anderson Adauto. Ela revela o pagamento, pela SMP&B, de R$ 150 mil, dividido em duas contas, ao ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, que ocupou o cargo durante o governo FHC. "A coisa não começou só agora, com o PT", afirma à revista.

Fernanda revela, em outro trecho da entrevista, que havia remessas de R$ 1 milhão. "Já vi um boy sair com motorista para tirar R$ 1 milhão do Banco Rural. Era para depois dividir o dinheiro, entendeu?", afirma a ex-secretária, sem explicitar a quem o dinheiro seria entregue. Ela conta ainda que, certa vez, um office-boy da agência que transportava R$ 500 mil foi roubado.

Outra figura citada por Fernanda Somaggio é a secretária do então presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP). A agência de Marcos Valério, segundo Fernanda, teria dado passagens aéreas à ex-secretária de João Paulo, como cortesia. "Foi o Valério quem fez a campanha dele [João Paulo] para a Câmara dos Deputados", afirmou Fernanda.

Na entrevista, a ex-funcionária do publicitário revela irregularidades existentes em licitações para decidir qual agência de publicidade ficaria responsável por determinada conta. "Quando você entra numa concorrência, a gente já sabe quem vai ganhar e quem não vai. Eles fazem a licitação pública, mas é um jogo de cartas marcadas. Tem quem vai pegar a melhor parte da conta, a pior parte da conta."

Fernanda Somaggio está sendo processada pelo publicitário Marcos Valério por extorsão, segundo informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. A denúncia foi recebida pela Justiça no dia 21 de novembro de 2004. No processo, o publicitário alega que, depois de ter sido demitida, Fernanda ameaçou divulgar à imprensa informações sigilosas a que teve acesso enquanto trabalhava na agência.

No dia 20 de maio, Fernanda foi interrogada pelo juiz José Dalai Rocha, da 6ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Segundo a assessoria do tribunal, ela deverá ir novamente ao Fórum Lafayette, na capital mineira, onde será realizada audiência de testemunhas --tanto de defesa como de acusação-- no dia 1º de agosto. O publicitário também deverá estar presente, de acordo com a assessoria.

Com Agência Brasil

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