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21/06/2005 - 22h08

Na CPI, Marinho inocenta Jefferson e acusa secretário do PT

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

Afinado com as declarações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho envolveu, em seu depoimento na CPI dos Correios, nesta terça-feira, o nome do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, nas possíveis irregularidades cometidas na estatal.

De acordo com Marinho, que disse ser "peixe-pequeno", a maior parte dos negócios dos Correios com empresas passa pela Diretoria de Tecnologia e de Operações, ambas dirigidas por indicados políticos do PT.

Os mais importantes seriam os diretores dos Correios, sendo cinco deles ligados ao PTB e PMDB e outros dois, das diretorias com maior volume de recursos da estatal, apadrinhados pelo PT. "As duas diretorias [de Operação e Tecnologia] são de funcionários de carreira e para nós são ligados ao PT, cujo responsável seria o Silvinho Pereira", afirmou Marinho.

Em depoimento no Conselho de Ética, Jefferson disse "estranhar" o motivo pelo qual o Ministério Público e a Polícia Federal não investigavam a Diretoria de Tecnologia --que, de acordo com ele, seria responsável por 60% a 70% dos negócios da estatal-- e o secretário-geral do PT. "Não consegui compreender ainda porque o zeloso Ministério Público, a zelosa PF, a zelosa Corregedoria da União não investigaram a Diretoria de Informática, [...] não investigaram o Correio Aéreo Noturno, do senhor Silvinho Pereira", disse Jefferson em seu depoimento, referindo-se à Diretoria de Tecnologia.

Marinho novamente inocentou Jefferson do caso de corrupção na estatal, da mesma forma que fez no depoimento à Polícia Federal. "Eu nunca liguei para ele e ele nunca me ligou", disse. "Não tenho ligação com o Roberto Jefferson", continuou. Na gravação em que foi flagrado recebendo R$ 3 mil, Marinho disse que trabalhava em conjunto com Jefferson e com o ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório.

Apesar das negativas, o ex-funcionário dos Correios admitiu ter recebido dinheiro irregularmente, mas rejeitou a acusação de que pediu propina. "Não sou bandido em nenhum grau, em nenhum momento pedi propina em uma hora e cinqüenta e quatro minutos de fita como foi veiculado. Não sou corrupto", afirmou. "Eu sei que falei demais, sei que envolvi pessoas, eu sei que trabalhei nos Correios fora do horário de trabalho e tratei de assuntos de fora [da estatal], recebi dinheiro que não pedi", acrescentou.

De acordo com Marinho, o dinheiro que recebeu faria parte de uma negociação para que ele trabalhasse futuramente em empresa multinacional que se instalaria no Brasil.

Convocações

Antes do depoimento de Marinho, os integrantes da CPI aprovaram 110 requerimentos para convocações e pedidos de informações para prosseguir o trabalho de investigação.

Sílvio Pereira, Marcos Valério, publicitário que teria negócios com os Correios e é apontado como um dos principais operadores do "mensalão", e a secretária da empresa de publicidade Fernanda Karina, que já confirmou em entrevistas parte das acusações, devem ser ouvidos.

As convocações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ficarão para posterior avaliação. O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), adiantou que Dirceu deverá ser convocado para explicar como ocorriam as nomeações para cargos das estatais.

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