Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/07/2005 - 21h27

Valério admite financiar o PT, mas nega existência do "mensalão"

Publicidade

FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do "mensalão", afirmou que contraiu empréstimos "perfeitamente legais" e "transparentes" para financiar dívidas do PT, de acordo com nota divulgada.

Segundo o publicitário, ele capitalizava o partido a pedido do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Valério, no entanto, negou novamente que fazia caixa dois para o "mensalão", o susposto esquema de pagamento de mesadas a congressistas aliados do governo. O PT não se pronunciou sobre as novas declarações do publicitário.

Na nota, o publicitário afirma que todas as transações foram feitas dentro da legalidade. "Todos os pedidos de socorro financeiro feitos pelo senhor Delúbio Soares baseavam-se, de acordo com o próprio secretário do PT, na necessidade de saldar dívidas relacionadas a campanhas eleitorais", informa a nota.

A nota informa ainda que o publicitário ordenava os depósitos na rede bancária para pessoas indicadas por Delúbio.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o publicitário afirmou que os pagamentos das dívidas do PT eram repassados para pessoas indicadas por Delúblio. "Eram para pessoas relacionadas [pelo Delúbio]. Nunca houve malas. Tudo era feito nas agências bancárias. Os saques em dinheiro eram para as pessoas que iam na agência sacar", disse Valério.

Ele disse ainda que tomou empréstimos bancários em nome de suas empresas para depois repassá-los para o PT. "Fou um pedido [do Delúbio]. O Partido dos Trabalhadores está com muita dificuldade financeira. Era um empréstimo exclusivo ao Partido dos Trabalhadores".

"Essa pessoa [Delúbio] nunca, em momento algum, nos beneficiou em nada", disse Valério ao Jornal Nacional.

Ao Jornal Nacional, o publicitário não citou os nomes dessas pessoas, alegando acordo de sigilo com a Procuradoria-Geral da República.

Na reportagem, Valério não explicou como acreditava ser ressarcido pelo PT. "Vamos tentar negociar os empréstimos junto à nova direção do Partido dos Trabalhadores", disse.

Ele encerra a entrevista ao Jornal Nacional quando é questionado se teria encontrado com Delúbio nesta semana.

Delcídio

O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que Valério e Delúbio contaram a mesma versão ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, sobre os empréstimos feito pelo PT tendo o empresário como avalista.

"A única coisa que posso afirmar é que o depoimento do Marcos Valério foi nesse sentido, de operações de empréstimos que foram feitas sob a orientação do Delúbio Soares", afirmou o presidente da CPI Mista dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS). "Os dois depoimentos adotam esse enfoque", acrescentou.

Há integrantes da CPI desconfiados de que Delúbio e Valério teriam combinado seus depoimentos em uma reunião ocorrida nesta segunda-feira, em Belo Horizonte.

Procuradoria

Ontem, o publicitário propôs ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, passar informações para colaborar com as investigações em troca de benefícios em uma eventual ação penal. O procurador, no entanto, recusou a proposta. No encontro, solicitado por Valério, o procurador-geral recebeu documentos e explicações sobre as empresas dele --DNA e SMPB.

A CPI dos Correios, criada para investigar denúncias de irregularidades na estatal, aprovou os requerimentos de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de funcionários das empresas de Valério, das empresas e de seus sócios.

Valério também será reconvocado para prestar esclarecimentos sobre as informações que surgiram nas últimas semanas e à luz dos novos documentos que chegaram à comissão.

Leia mais
  • Entenda o "mensalão"
  • Entenda a ligação entre Marcos Valério e as denúncias de Jefferson

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Marcos Valério
  • Leia a cobertura completa sobre o "mensalão"
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página