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19/07/2005 - 20h34

Vicente Brizola diz que contravenção bancou campanhas petista no RS

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O ex-diretor da Lotergs (Loterias do Rio Grande do Sul) José Vicente Brizola acusou nesta terça-feira, em depoimento à CPI dos Bingos, que a "contravenção bancou o PT nas eleições de 2002 e 2004 no Rio Grande do Sul."

Vicente Brizola, que é filho de Leonel Brizola, disse que percebeu, ao assumir a Lotergs, que a regulamentação das loterias do Estado visava compensar a contravenção pelo seu investimento nas campanhas do PT.

"A contravenção financiou as campanhas e também pagou a nova sede do PT gaúcho. A legalização do jogo no Estado na minha opinião tinha como objetivo compensar os bicheiros que investiram no partido."

Brizola afirmou que no "apagar das luzes do governo Olívio Dutra" foi obrigado fechar o contrato de concessão de exploração das loterias gaúchas com o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"A licitação feita para a exploração das loterias foi cancelada por motivos técnicos. Várias empresas, até mesmo a Gtech pegaram o edital de licitação, mas somente a empresa do senhor Carlos Augusto Ramos apresentou proposta, muito abaixo do esperado. A licitação foi cancelada, ele recorreu na Justiça em primeira instância e ganhou. Na minha opinião o governo deveria recorrer, mas não o fez e no final do mandato o contrato foi assinado. Depois ele foi revogado."

Para Brizola, as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal tiveram início ainda na administração petista no Rio Grande do Sul. "O PT do Rio Grande do Sul é o precursor de tudo o que acontece hoje. Para mim o PT fez um verdadeiro estelionato eleitoral."

O ex-diretor da Lotergs disse ainda que deixou o PT por motivação política e que desde que fez as denúncias contra o partido tem sofrido ameaças e chegou a ter sua casa em Porto Alegre invadida. "Levaram vários documentos que eu gostaria de entregar hoje a esta CPI."

Brizola entregou à CPI cópia dos seus depoimentos na CPI da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, ao Ministério Público do Estado, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. "Quero deixar aqui também, como prova, a queixa na polícia da invasão da minha casa."

Em um depoimento que durou pouco mais de duas horas, o filho do ex-governador afirmou que era laranja do governo petista do Rio Grande Sul e disse acreditar que o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz também era apenas um "testa de ferro"do PT.

Sem apresentar qualquer prova das suas acusações, Brizola afirmou que a contravenção no Rio Grande do Sul bancou as campanhas do PT no Estado em 2002 e 2004 e a compra da nova sede do PT gaúcho. "Na minha interpretação, a edição dos decretos para legalizar as loterias estaduais eram uma contrapartida do governo para a contribuição da contravenção."

"Eu mandei realmente um e-mail de solidariedade ao Waldomiro Diniz quando o caso estourou em 2004. Eu acredito que ele era agente de outras pessoas. Eu era um laranja, e acredito que ele também. Ele era um laranja do deputado José Dirceu (PT-SP)", afirmou Brizola.

Vicente Brizola foi o diretor da Lotergs (Loteria do Rio Grande do Sul) por pouco mais de um ano. Segundo ele, sua indicação foi política, já que ele "nunca trabalhei com jogos e não entendia nada do assunto." Para Brizola, sua indicação ocorreu justamente devido à sua ignorância sobre jogos. "Assim eu só recebia ordens, não tomava decisões e não questionava isto."

Fantasia

Ontem, a ex-secretária da Mulher Emília Fernandes, atualmente consultora da Unesco, disse que seus advogados já estão ''de prontidão'' para reagir às declarações de José Vicente Brizola, as quais classificou como ''fantasias''.

Emília procurou desqualificar seu acusador, contra quem já entrou com duas ações penas por ''difamação e calúnia''.

''A trajetória dele é a de um homem sem controle. Estou com a consciência tranqüila. Coloco minhas contas e meu telefone à disposição. Não tenho informações sobre caixa dois no PT, nem para mim nem para ninguém. Meu patrimônio se resume a uma casa em Santana do Livramento e um carro que ainda estou pagando. Sou vítima de uma mente desequilibrada'', disse ela.

O presidente nacional do PT, Tarso Genro, também contestou as declarações de José Vicente. ''Nossas contas de campanha foram todas apresentadas ao TRE [Tribunal Regional Eleitoral]. Todas as informações que surgirem em CPIs serão absorvidas e devidamente checadas'', afirmou ele.

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