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12/08/2005 - 15h22

Presidente do PL diz que Lula sabia de repasse de verba

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da Folha Online

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que recebeu R$ 6,5 milhões de um suposto caixa 2 da campanha à presidência do PT em 2002. Ele também disse que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva sabia dos acertos entre as legendas. "O Lula estava na sala ao lado. Ele sabia que estávamos negociando números", afirmou, em entrevista veiculada nesta sexta-feira pela revista "Época".

Costa Neto renunciou ao mandato de deputado federal no dia 1º após as denúncias de que foi um dos beneficiados do "valerioduto", o esquema do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para a distribuição de recursos a parlamentares. Sobre sua renúncia, o ex-parlamentar afirmou: "cometi um erro fiscal. Não declarei o dinheiro que recebi do PT".

Na reportagem, o presidente do PL detalhou sobre a negociação entre os dois partidos, feita em 2002. Segundo Costa Neto, houve acerto financeiro entre as duas legendas para manter a coligação que efetivamente venceu as eleições daquele ano. Uma versão dessa história já circulava de maneira apócrifa por veículos de comunicação e pela internet há pelo menos duas semanas.

Na entrevista, Costa Neto confirmou que recebeu os recursos pelo esquema de Valério. "Foram R$ 6,5 milhões. Não chegou aos R$ 10,8 milhões que estão falando. Estão botando R$ 4 milhões a mais na minha conta. Dinheiro que foi repassado para a Garanhuns e um outro cheque, que não é nosso", disse ele.

Acertos

O PL se arriscava a não obter o percentual de votos necessários para ter acesso ao chamado "fundo partidário", mantido pelo governo federal por meio de multas e distribuído aos partidos com representação no Congresso Nacional. O partido avaliou que a lei da "verticalização", que obrigava a todas as coligações partidárias seguirem as alianças em nível federal, tornava mais árduas as chances do PL obter esse percentual: a legenda somente poderia coligar com o PT.

O assunto foi discutido numa reunião entre representantes das duas legendas em junho de 2002, segundo Costa Neto, no apartamento de deputado Paulo Rocha (PT). Participaram desse encontro, Lula, Dirceu, o próprio Costa Neto, o candidato a vice-presidente José Alencar e o então tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Ainda de acordo com o presidente do PL, Lula e Alencar teriam saído da sala onde era feita a reunião, quando Costa Neto, Delúbio e Dirceu acertaram uma ajuda de R$ 10 milhões do PT ao PL. Costa Neto afirma que Alencar teria feito questão de pedir "tudo por dentro", isto é, de que a transferência de recursos fosse feita legalmente.

Ainda de acordo com o presidente do PL, Lula sabia dos acertos: "o presidente sabia o que a gente estava negociando. Olha, ele e o Zé Dirceu construíram o PT juntos. O Lula sabia o que o Dirceu estava fazendo. O Lula foi lá bater o martelo. Tudo que o Zé Dirceu fez foi para construir o partido".

Campanha

A situação desandou após as eleições, quando o PL não obteve o percentual mínimo necessário para ter acesso ao fundo partidário (5%), o que somente ocorreu com a fusão da legenda aos partidos PGT e PST.

Após a eleição, Costa Neto procura Dirceu e Delúbio, que finalmente "acerta a situação". Segundo o presidente do PL, o ex-tesoureiro do PT lhe orientou a procurar a agência SMPB, do empresário Marcos Valério. O tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, foi enviado à SMPB e voltou cheques da agência dirigidos para a empresa Garanhuns, no total de R$ 800 mil. Pouco mais tarde, um emissário de Delúbio procura o PL e "resgata" as ordens de pagamento, com dinheiro vivo.

De acordo com Costa Neto, o emissário portava uma daquelas "malinhas com rodinhas, de levar no aeroporto. Chamei alguns fornecedores de campanha e eles pegaram todo o dinheiro".

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