Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/01/2006 - 09h13

Duda transfere R$ 4 mi de sua conta antes de ir à CPI

Publicidade

LEONARDO SOUZA
RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O publicitário Duda Mendonça transferiu R$ 4 milhões de sua conta pessoal no BankBoston para parentes e uma de suas empresas nos dias que antecederam seu depoimento à CPI dos Correios, em 11 de agosto de 2005.

Segundo documentos obtidos pela Folha, foram R$ 500 mil para um genro, R$ 2,5 milhões para a empresa de seus cinco filhos e R$ 1 milhão para a agência Duda Mendonça Associados. Os valores seriam empréstimos que já teriam sido pagos, segundo o advogado do publicitário, Tales Castelo Branco, na mesma conta de onde os recursos haviam saído. Para técnicos e integrantes da CPI, as transações demonstram temor do publicitário de ter o dinheiro retido, se fosse decretado um bloqueio judicial de seus bens.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira, a revelação dessas operações torna inevitável a convocação do publicitário a depor na CPI.

Quando foi ouvido pela CPI, em agosto do ano passado, Duda compareceu voluntariamente. Os congressistas esperavam ouvir apenas sua sócia, Zilmar Fernandes.

O depoimento, no qual confirmou ter recebido dinheiro ilegalmente no exterior pelos serviços prestados à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e outros em 2002, foi um dos momentos mais tensos da crise política.

"Essa movimentação exagerada se deu exatamente nos dias que antecederam seu depoimento à CPI. Fica a suposição de que ele imaginava alguma provisão de natureza legal, como o bloqueio de suas contas ou qualquer outro tipo de providência que viesse a dificultar sua movimentação financeira", disse o senador.

"A cada dia a justificativa para convocá-lo ganha mais corpo", disse Fruet. O deputado acrescentou que, até agora, as contas de Duda não estavam sendo analisadas. Mas, diante dos novos dados, os técnicos passarão a examinar detalhadamente os números.

A movimentação financeira de Duda nos primeiros dias de agosto coincide com uma série de eventos que levaram o publicitário ao topo do noticiário. No dia 5 daquele mês, ele transferiu R$ 3 milhões de sua conta pessoal, dos quais R$ 500 mil para Marcelo Mascarenhas Kertész, seu genro, e R$ 2,5 milhões para a Nov Patrimonial Ltda., pertencente a seus cinco filhos, com sede na Bahia.

Um dia antes das operações, o policial civil de Minas Gerais David Rodrigues Alves havia prestado depoimento à CPI. Segundo o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, David sacava recursos no esquema do "valerioduto" e os entregava a Duda por meio de Zilmar. Marcos Valério dizia seguir ordens do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Nova coincidência cercou a saída de R$ 1 milhão da conta pessoal de Duda. No dia 9 de agosto, o jornal "Correio Braziliense" divulgou a existência de uma conta de Duda no exterior chamada Dusseldorf, que teria recebido recursos do "valerioduto".

No dia 10, o publicitário transferiu R$ 1 milhão para a Duda Mendonça Associados. Nesse mesmo dia, ele prestou depoimento à Polícia Federal de Salvador, quando admitiu pela primeira vez a existência da Dusseldorf e o esquema de caixa dois do PT.

No dia 11, disse na CPI que havia criado a Dusseldorf e aberto uma conta em nome dela por orientação de Marcos Valério. Informou que por meio da conta no exterior havia recebido R$ 10,5 milhões.

No dia 16, Duda transferiu mais R$ 300 mil de sua conta. Desta vez o dinheiro foi para outra de suas empresas, a CEP Comunicação e Estratégica Política Ltda. Ao todo, em 11 dias, Duda retirou R$ 4,3 milhões de sua conta pessoal na agência baiana do BankBoston.

Outro fato chamou a atenção dos técnicos e dos parlamentares. A Nov Patrimonial não teve até agora os sigilos fiscal e bancário quebrados pela comissão. Até agora, nem Fruet nem Álvaro Dias sabiam da existência da empresa. O senador disse que já assinou requerimento pedindo a quebra dos sigilos da empresa. Por meio dela, Duda construiu uma casa na praia de Taipus de Fora, em Maraú, no sul da Bahia.

Leia mais
  • Depósito foi coincidência, diz defesa

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Duda Mendonça
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página