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27/01/2006
-
10h21
do enviado especial da Folha a Caracas
Durante um debate ontem sobre integração latino-americana, no 6º Fórum Social Mundial em Caracas, na Venezuela, militantes da América Latina e dos Estados Unidos questionaram o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, participante da atividade, e acusaram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de ameaçar a esquerda mundial pela "guinada à direita".
A interpelação mais agressiva contra o governo brasileiro partiu do norte-americano Richard Allen, 47, que se identificou como um "militante marxista". Ele questionou o governo brasileiro sobre sua participação na missão da ONU (Organizações das Nações Unidas) no Haiti, a política econômica do governo Lula, a reforma da Previdência e o assassinato da irmã Dorothy Stang no Pará, em fevereiro de 2005.
Mais tarde, em entrevista, disse que havia ido ao local apenas para falar com Dirceu porque "é importante que ele saiba que não está prejudicando apenas seu partido, mas a esquerda do mundo todo". "Já acreditei no Lula, e agora ele é como um novo [Tony] Blair [primeiro-ministro inglês]."
Corda bamba
Também o peruano Alfonso Sánchez, 41, trabalhador da construção civil e integrante do movimento Pátria para Todos, questionou Dirceu sobre os governos da América Latina "obedecerem às ordens de Washington".
O professor venezuelano Gilberto Geraldi manifestou apoio a Lula, dizendo desejar que o brasileiro vença as eleições. Disse depois, no entanto, que o presidente do Brasil "está na corda bamba", o que pode prejudicar a esquerda em todo o continente. "O povo é sábio. Se segue nessa linha, o povo pode castigá-lo, e ele pode cair. Se cair, caímos todos", afirmou.
O americano Allen acusou o Brasil de desrespeitar os direitos humanos no Haiti, "ajudando os EUA a fazerem seu trabalho sujo" por lá e criticou o pagamento antecipado da dívida com o Fundo Monetário Internacional.
Dirceu respondeu aos questionamentos defendendo o governo, argumentando que há limitações reais para mudanças e afirmando que não é possível "criticar sem analisar a realidade do país". O ex-ministro afirmou ver as críticas como "parte da democracia".
O assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, presente ao fórum, disse haver "um nível de desinformação muito grande" em relação ao governo Lula.
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Durante um debate ontem sobre integração latino-americana, no 6º Fórum Social Mundial em Caracas, na Venezuela, militantes da América Latina e dos Estados Unidos questionaram o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, participante da atividade, e acusaram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de ameaçar a esquerda mundial pela "guinada à direita".
A interpelação mais agressiva contra o governo brasileiro partiu do norte-americano Richard Allen, 47, que se identificou como um "militante marxista". Ele questionou o governo brasileiro sobre sua participação na missão da ONU (Organizações das Nações Unidas) no Haiti, a política econômica do governo Lula, a reforma da Previdência e o assassinato da irmã Dorothy Stang no Pará, em fevereiro de 2005.
Mais tarde, em entrevista, disse que havia ido ao local apenas para falar com Dirceu porque "é importante que ele saiba que não está prejudicando apenas seu partido, mas a esquerda do mundo todo". "Já acreditei no Lula, e agora ele é como um novo [Tony] Blair [primeiro-ministro inglês]."
Corda bamba
Também o peruano Alfonso Sánchez, 41, trabalhador da construção civil e integrante do movimento Pátria para Todos, questionou Dirceu sobre os governos da América Latina "obedecerem às ordens de Washington".
O professor venezuelano Gilberto Geraldi manifestou apoio a Lula, dizendo desejar que o brasileiro vença as eleições. Disse depois, no entanto, que o presidente do Brasil "está na corda bamba", o que pode prejudicar a esquerda em todo o continente. "O povo é sábio. Se segue nessa linha, o povo pode castigá-lo, e ele pode cair. Se cair, caímos todos", afirmou.
O americano Allen acusou o Brasil de desrespeitar os direitos humanos no Haiti, "ajudando os EUA a fazerem seu trabalho sujo" por lá e criticou o pagamento antecipado da dívida com o Fundo Monetário Internacional.
Dirceu respondeu aos questionamentos defendendo o governo, argumentando que há limitações reais para mudanças e afirmando que não é possível "criticar sem analisar a realidade do país". O ex-ministro afirmou ver as críticas como "parte da democracia".
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