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06/10/2006 - 20h03

Berzoini deixa presidência do PT para não prejudicar candidatura de Lula

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FELIPE NEVES
da Folha Online

O presidente licenciado do PT e deputado federal, Ricardo Berzoini, disse nesta sexta-feira que decidiu se afastar da direção do partido para evitar que as repercussões do escândalo do dossiê prejudiquem os esforços pela campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Marco Aurélio Garcia assume interinamente.

Em coletiva após a reunião da Executiva nacional, Berzoini afirmou que, em nenhum momento, se sentiu pressionado para deixar o cargo. Ele apenas acredita que o fato de ter que ficar respondendo sobre o dossiê pode tirar o foco do partido da prioridade do momento: o segundo turno da disputa presidencial.

"Após a eleição, com certeza haverá nova discussão por parte da Executiva nacional do PT", disse o deputado.

Berzoini disse ainda que, independente das "ilações" da oposição, a decisão de se licenciar não significa um atestado de participação no episódio. "Quero ressaltar que, em nenhuma hipótese, eu aceito a condição de envolvido", afirmou. E emendou: "não tenho qualquer temor em relação a nenhuma investigação."

Pela manhã, Lula havia dito, em entrevista a uma rádio de Salvador (BA), que não achava necessária a saída de Berzoini da direção do PT. O deputado afirmou que recebeu com "satisfação a manifestação" do presidente, mas que a decisão foi tomada a partir de um "produtivo" debate de membros da Executiva nacional.

Berzoini voltou a inocentar Lula de qualquer participação no episódio do dossiê. Segundo ele, o presidente não tem qualquer ligação, "assim como a coordenação da campanha nacional, [à época] exercida por mim não tem nenhuma ligação com esse fato."

Abacaxi

Com a saída de Berzoini, o presidente em exercício do PT é Marco Aurélio Garcia. Ele também havia substituído o deputado na coordenação da campanha de Lula. Na primeira entrevista no cargo, ele usou a ironia para explicar com que espírito assume esse "abacaxi".

Convicto de que o episódio do dossiê será esclarecido em breve, Garcia afirmou que "vou me ver livre desse abacaxi muito logo e devolvê-lo ao meu querido amigo e companheiro [Berzoini]."

Questionado sobre o termo, ele pediu para aos jornalistas que "entendam a expressão abacaxi com a carga irônica que eu sempre dou aos meus pronunciamentos". E explicou que a usou por não se considerar à altura das responsabilidades atribuídas ao presidente nacional do PT.

Garcia elogiou a postura de Berzoini tanto no momento em que estourou a crise como na decisão de se afastar. Segundo ele, a atitude mostra "o comportamento digno, responsável e militante" do companheiro.

"Esse episódio não pode, de maneira nenhuma, suscitar nenhuma dúvida sobre a isenção com a qual Berzoini se conduziu durante essa crise", acrescentou.

Expulsão

Na reunião da Executiva, também ficou decidida a expulsão de quatro envolvidos no episódio: Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti, Hamilton Lacerda e Expedito Veloso.

Valdebran Padilha, detido em São Paulo com R$ 1,7 milhão que seria utilizado para a compra do dossiê, já havia sido suspenso pelo PT de Cuiabá (MT).

"A Executiva nacional do PT repudia a atitude destes filiados, considera um equívoco substituir a disputa de projetos por este tipo de prática, condena a promiscuidade com um grupo de criminosos [a família Vedoin], bem como o total desrespeito à democracia partidária", afirmou Garcia.

"Os filiados que assim agiram colocaram-se, na prática, fora do partido. E, por decisão da Executiva nacional, estão politicamente expulsos do PT", acrescentou.

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