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24/10/2006 - 22h40

Advogados de Abel Pereira dizem que ele foi usado como "isca"

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Cuiabá
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo, em Cuiabá

O empresário Abel Pereira, 51, ligado ao ex-ministro da Saúde no fim do governo FHC e atual prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri, foi usado como "isca" pela máfia dos sanguessugas em uma armadilha para petistas interessados na compra do dossiê contra tucanos. A versão é dos advogados Sérgio Pannunzio e Eduardo Silveira, que defendem o empresário.

Segundo Pannunzio, Abel somente foi a Cuiabá, no dia 24 de agosto passado, conversar novamente com Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, porque sofreu ameaça durante seu primeiro encontro com Vedoin, no início daquele mês no shopping Iguatemi, em São Paulo. Vedoin teria ameaçado fazer acusações contra Abel.

No dia 14 de setembro, Vedoin entregou à Justiça comprovantes de depósitos e cheques que, segundo ele, mostravam pagamento de propina a Abel pela liberação de verbas no ministério na gestão de Barjas.

Em entrevista à imprensa ontem em Cuiabá, Abel não deixou claro que sofrera a ameaça e era a "isca" de uma armadilha para petistas. Segundo os advogados, o empresário de Piracicaba teve dificuldades em se expressar na entrevista.

Ainda de acordo com a versão dos advogados, Vedoin queria mostrar aos emissários petistas Expedito Veloso e Gedimar Pereira Passos, empregados da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava negociando também com Abel a venda do dossiê contra tucanos.

No dia 24, Gedimar e Expedito estiveram em Cuiabá, conforme depoimentos dos envolvidos com a negociação do dossiê.

Perícia da PF aponta que no dia 13 de setembro Expedito mandou uma mensagem para o celular de Valdebran Padilha, preso junto com Gedimar com o R$ 1,75 milhão que seria usado no compra do dossiê. A mensagem dizia que era preciso "acionar um plano B", porque estaria havendo negociação com Abel para manter um silêncio sobre o dossiê.

Relatório parcial da PF sobre a origem do dinheiro usado na compra do dossiê diz que Vedoin, "após se achar em situação de liberdade provisória, passou a direcionar esforços no sentido de captar recursos financeiros em troca do silêncio de atividades delituosas praticadas por terceiros envolvidos nas fraudes das ambulâncias".

Ao investigar a negociação sobre silêncio sobre atividades ilícitas, a PF descobriu que Vedoin tentava vender a petista um dossiê contra tucanos.

A versão de Abel reforça a hipótese levantada pelo senador Aloizo Mercadante (PT), candidato derrotado a governador de São Paulo.

Conforme o empresário relatou à Polícia Federal, no início de agosto --no encontro em São Paulo-- Vedoin pediu que fosse levada à cúpula do PSDB e a Barjas um dossiê contra o senador. Os documentos comprovariam o envolvimento de Mercadante na máfia dos sanguessugas.

Mercadante afirma que nunca teve emendas liberadas para compra de ambulâncias do esquema de Vedoin. Ele diz acreditar que Abel foi usado numa armadilha para atrair petistas interessados na compra do dossiê.

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