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29/10/2006 - 09h43

FHC rejeita concertação, mas admite conversar

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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

Afirmando que o PSDB não fará oposição irresponsável --"não somos golpistas"--, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admite a idéia de o partido até conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele seja reeleito. "Não há de ser uma conspiração entre duas pessoas", afirmou FHC em entrevista à Folha, na sexta-feira. Para FHC, confirmada a vitória de Lula, o PSDB sai da eleição como pólo de poder. Só que precisará pacificar os ânimos e travar uma discussão interna sobre o futuro. A seguir, trechos da entrevista:

FOLHA - O que vai acontecer com o PSDB após as eleições?
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO -
Supondo que Lula ganhe, o PSDB tem que manter a oposição mais programática, não tem que entrar em concertação. No Chile, a concertação é entre dois partidos que sempre estiveram do mesmo lado.
Aqui, o povo vai escolher um para a oposição e outro para o governo. Oposição ao Brasil? Não. A um outro partido e às coisas erradas que venham do governo. Vindo as propostas certas, votamos sempre.
Não passa por nossa cabeça essa história de terceiro turno. O Tarso Genro não tem autoridade moral para falar nisso porque pediu meu impeachment em janeiro de 1999.

FOLHA - Sem fogo às vestes?
FHC -
Fogo às vestes quem põe é golpista. Nós não somos golpistas.

FOLHA - Se procurarem, o senhor conversa?
FHC -
O presidente nunca me procurou quando era muito fácil. Duvido que procure agora. Mas ele é o presidente. Quando chama alguém, a menos que haja algo impeditivo, esse alguém tem que conversar. O partido, sobre uma pauta.

FOLHA - Qual é o limite entre golpismo e oposição programática?
FHC -
Golpista foi a atitude do PT contra mim. Fazer CPI sobre o que não existe, sobre matérias indeterminadas, só para fazer onda. Isso é errado. O PSDB não deve fazer. Mas, se tem problema, apura.

FOLHA - Mesmo que leve ao impeachment?
FHC -
Impeachment é um processo político. Não basta ter razão jurídica. A sociedade precisa estar de acordo. Está fora de esquadro neste momento.

FOLHA - Seria diferente se o Serra fosse o escolhido do PSDB?
FHC -
A escolha nunca é totalmente racional. O Lula tem um valor simbólico. Difícil prever o que aconteceria. Acho até que o Geraldo levou o Lula ao segundo turno. Ninguém acreditava. Nem o Lula.

FOLHA - O sr. realmente disse ao Alckmin que ele dificilmente ganharia a eleição?
FHC -
Disse. Achava isso. Não quer dizer que não pudesse ganhar. Disse ao Serra também.

FOLHA - A sua tese era de que se deveria preservar o Serra para 2010?
FHC -
A decisão do Serra foi dele. Não minha. Concordei. Pensando no partido. Melhor é estar no governo. Não estando, tem que ser pólo de poder. O PSDB sai dessa campanha como pólo de poder. Tem vários Estados na mão, os mais importantes sob controle.

FOLHA - Mas, se o senhor mesmo já disse que o Serra é o mais preparado, não fica a idéia de que o PSDB optou pelo café-com-leite?
FHC -
Ser mais preparado não significa chance de ganhar. Rui Barbosa era o homem mais preparado do Brasil e perdeu tudo quanto é eleição. Espero que o Serra não perca. Mas ele não é o único. Há vários níveis de preparo. O Aécio não teve enorme capacidade de aglutinação em Minas? O Geraldo não mostrou que tem tutano e capacidade de enfrentar o Lula?

FOLHA - Alckmistas reclamaram da sua atuação?
FHC -
Por quê? Por causa do documento [divulgado no site do PSDB]? Não foi contra o Geraldo. Foi uma chamada de adesão. "Geraldo tem essas qualidades. Mãos limpas. Usem." Não. É injusto. Nunca houve dúvidas quanto a meu apoio sincero.

FOLHA - Dizem que ele ficou irritado com sua declaração à "Playboy" sobre o Serra.
FHC -
Não pode ficar irritado porque ele sabe que esse é meu pensamento antigo. Conheço o Serra como a palma da minha mão. É um homem preparado.

FOLHA - O sr. vai atuar na escolha do líder da bancada do PSDB?
FHC -
Não vou controlar a Câmara dos Deputados.

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