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28/11/2006 - 09h04

Lula crê que Berzoini ocultou atuação na compra do dossiê

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Diferentemente do que disse publicamente, que afastara o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) da coordenação de sua campanha porque ele não esclarecera o dossiegate, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu tirá-lo do time eleitoral por avaliar que o então presidente do PT teve envolvimento com a compra de um dossiê contra o PSDB.

Publicamente, Lula sustenta que não soube da negociação com o chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin. Chamou de "aloprados" os petistas que fizeram a "sandice inominável". A Polícia Federal, que investiga o caso, não coletou até o momento evidência da participação de Lula.

Como revelou a Folha no domingo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal firmaram a convicção de que partiu de Berzoini a decisão de compra do dossiê. O deputado nega.

Em conversas reservadas à época, o presidente Lula disse que estava convencido de que Berzoini mentira ou omitira dados.

O escândalo

O dossiegate veio a público em 15 de setembro, uma sexta-feira, quando a Polícia Federal prendeu Valdebran Padilha e Gedimar Passos no hotel Ibis, em São Paulo, com cerca de R$ 1,7 milhão.

O ex-petista Valdebran representava Vedoin. O policial federal aposentado Gedimar, a campanha petista.

Ainda naquela sexta-feira, o presidente Lula ouviu do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, conselho para apurar rapidamente o caso até segunda-feira, sob pena de forte dano eleitoral.

O presidente, então, chamou Berzoini para uma conversa no Palácio do Alvorada no domingo, dia 17. Berzoini negou envolvimento na operação. Jurou que não sabia de nada.

Nos dias seguintes, a versão de Berzoini foi ruindo, na opinião de Lula. A imprensa tornou pública a participação de Osvaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, então integrantes do "núcleo de inteligência" da campanha de Lula, e subordinados diretos de Berzoini.

Lula passou a acreditar que o envolvimento de Berzoini no caso era maior do que ele admitia e decidiu tirá-lo da coordenação da campanha, além de articular futura licença da presidência do PT.

Primeiras versões

Nas primeiras versões que o presidente deu à imprensa --nas entrevistas para o segundo turno--, o presidente disse que não cobrara explicações dos integrantes de sua campanha próximos a ele, como Berzoini, Bargas e Lorenzetti. O presidente argumentava que não cabia a ele o papel de investigador do caso.

No dia 16 de outubro, quando concedeu entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, Lula mudou a versão sobre Berzoini. Ele passou a dizer que o coordenador da campanha caíra porque não esclarecera o episódio.

"Chamei o presidente do partido e perguntei: "Eu quero saber. Quem fez essa burrice? Porque foi de uma sandice inominável. Ele me disse que não sabia. Eu falei: "Ricardo, você que é o presidente do PT tem obrigação de apresentar para a sociedade brasileira a resposta, Ricardo". Ele não deu [a resposta]. Na quarta-feira [20 de setembro], eu o afastei da coordenação da campanha", afirmou o presidente Lula na entrevista ao programa de TV.

Dupla traição

Em conversas reservadas durante a eleição, Lula reclamou que fora prejudicado por um ato de sua própria campanha e que os envolvidos não lhe davam informações a respeito do que fizeram. Sentiu-se traído duplamente.

Naquele momento, o dossiegate ainda não produzira dano eleitoral --o presidente continuava favorito a vencer no primeiro turno. Mas havia temor de que pudesse fazê-lo (o caso criou a onda política que levou ao segundo turno). Como Lula já não confiava mais em Berzoini, decidiu substituí-lo pelo assessor especial para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia, que viria a assumir também a presidência do PT.

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