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04/12/2006 - 09h04

Conversa é evidência de caixa 2 de petista

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FREDERICO VASCONCELOS
da Folha de S.Paulo
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

"A nossa campanha já está em quase 5 milhões, quem arruma dinheiro sou eu, sô", reclamou, ao telefone, o advogado tributarista e então candidato a deputado federal pelo PT Juvenil Alves, preso preventivamente, acusado de "blindagem patrimonial", "lavagem de dinheiro" e outros crimes, na Operação Castelhana.

Seu interlocutor era o deputado estadual petista Durval Ângelo, líder católico e defensor dos direitos humanos, que fez dobradinha com Juvenil nas eleições. Eles foram flagrados ao telefone, combinando um evento para arrecadar R$ 300 mil para boca-de-urna, prática ilegal.

Os dois ex-seminaristas em Juiz de Fora no final dos anos 70 não sabiam que as conversas estavam sendo gravadas pela Polícia Federal. Como Juvenil só prestou contas ao Tribunal Regional Eleitoral de despesas de R$ 415,2 mil, ou seja, 8,3% daquele valor citado no telefonema, o diálogo foi apontado pelo Ministério Público Eleitoral como uma das evidências de caixa dois na campanha.

O MPE ofereceu à Justiça vários documentos a título de comprovar omissão de doações, maquiagem de despesas, contabilidade paralela e gastos não-declarados de R$ 1 milhão.

A apreensão de manuscritos listando contribuições não-informadas à Justiça eleitoral surpreendeu empresas doadoras e lideranças católicas.

Juvenil fez dobradinha, ou seja, compartilhou receitas, despesas e pedidos de votos, com vários candidatos do PT e de outras legendas. Agora, todos terão suas contas reexaminadas pela Justiça Eleitoral.

Ele é genro de Carlos Carneiro Costa, presidente da Construtora Líder. Para o Ministério Público Federal, "confirmando a existência de caixa dois", há valores que seriam repassados pela "sra. Viviane", aparentemente irmã do deputado, e pela "dra. Liliane", possivelmente sua mulher.

Doações ocultas

O MPE acredita que Juvenil injetou recursos próprios na campanha, sem o registro obrigatório, e que houve arrecadação anterior à data permitida para captação. Doações ocultas no total de R$ 460 mil, "repassadas aos poucos", foram registradas sob o código "Terrazzo". Seria uma referência ao "Terrazzo Esmeralda", empreendimento luxuoso em Belo Horizonte, construído pela Líder.

Nos manuscritos apreendidos, há doação de R$ 100 mil da Cyrela (registrada em nome da AIB Associação Imobiliária Brasileira, segundo a empresa). Há duas contribuições de R$ 25 mil da Alcicla, de reciclagem de alumínio, de Contagem (estão na prestação de contas, o que, segundo o MPE, dá credibilidade às anotações informais).

Aparecem também nomes que não constam na prestação de contas, como Andrade Gutierrez (R$ 80 mil) e SNC (quatro citações com valores que variam de R$ 30 mil a R$ 400 mil). A SNC Indústria de Cosméticos Ltda., detentora da marca Kanechomn, está envolvida no inquérito da PF sobre blindagem patrimonial.

Uma planilha intitulada "Receita Líder/Só Cimento/J.M./Emifor" indica receitas de R$ 734 mil sem registros na prestação de contas. A "Receita Pif Paf" refere-se a depósito bancário de R$ 537.360,39. A Pif Paf Alimentos também está envolvida no inquérito da PF.

Dos trabalhos da Gráfica Del Rey para a campanha, foram declarados à Justiça Eleitoral gastos de R$ 131.130, mas os manuscritos indicariam despesas de R$ 608.254. Suspeita-se que doadores da campanha pagaram diretamente a fornecedores. E que os escritórios de Juvenil também emitiram notas como sendo de serviços prestados aos doadores.

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