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16/12/2006
-
09h07
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Com base nas investigações da Polícia Federal, a CPI dos Sanguessugas concluiu que há indícios de participação de pessoas ligadas à Petrobras na compra do dossiê antitucano.
Aprovado por unanimidade, o relatório final da CPI, encerrada na quinta, destaca que a PF pediu a quebra do sigilo telefônico de Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e do empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, sócio da empresa NM Engenharia e Anti-Corrosão Ltda., contratada da estatal.
Tanto Santarosa quanto Maramaldo trocaram ligações com Hamilton Lacerda no período de negociação do dossiê. Ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lacerda foi identificado pela PF como o homem que transportou o dinheiro (R$ 1,75 milhão) que seria usado na aquisição do material contra o PSDB. Lacerda recebeu também ligação de Dudu Godoy, da agência de publicidade Quê, outra prestadora de serviços da Petrobras.
Conforme a Folha publicou no mês passado, a PF identificou 36 chamadas entre Lacerda e a Petrobras entre agosto e setembro. Todas as ligações estão relacionadas a Santarosa, responsável por um orçamento de aproximadamente R$ 700 milhões nas áreas de publicidade e patrocínio.
"Todos esses contatos mantidos pelo sr. Hamilton Lacerda [...] com o sr. Wilson Santarosa, em dias importantes no roteiro da negociação de compra do dossiê, nos levam a sugerir que a Polícia Federal e o Ministério Público aprofundem as investigações sobre eventual participação de pessoas ligadas a Petrobras na compra do mencionado dossiê", informa o relatório final.
A CPI ressaltou também que Santarosa mantém "estreita relação de amizade" com o ex-ministro José Dirceu. No dia 11 de setembro, Dirceu trocou uma ligação com Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o "articulador" da compra do dossiê. Nesse mesmo dia, Lacerda falou quatro vezes com Santarosa. Dois dias depois Lacerda levaria, segundo a PF, o dinheiro ao emissário petista Gedimar Passos, no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo.
A assessoria de imprensa da Petrobras já deu duas versões distintas para os telefonemas trocados entre Lacerda e Santarosa. Na primeira ocasião, afirmou que Lacerda queria obter ingresso para o GP Brasil de F1. Na segunda versão, informou que Lacerda procurou Santarosa para tentar vender convites de jantares de apoio à candidatura de Mercadante.
A PF deve abrir um inquérito específico para investigar a relação de Lacerda com a Petrobras. Além dos telefonemas trocados com Santarosa, foram apreendidos na casa de Lacerda e na imobiliária de sua família uma série de documentos relacionados à estatal. A Polícia Federal suspeita que ele tenha praticado "tráfico de influência" na empresa.
Numa pasta da Markplan Marketing, Planejamento e Propaganda, havia material de projetos patrocinados pela Petrobras ou suas subsidiárias. Foram encontrados também dados cadastrais, bancários e de clientes de uma distribuidora de combustíveis e outra de solventes.
Havia ainda um e-mail com o seguinte comentário: "Referente à Petrobras, precisamos de um contato dentro da Petrobras, para abertura de um canal direto com condições de preços e cotas diferenciados".
Outro lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras informou que "não tem nada a comentar" sobre as sugestões contidas no relatório da CPI dos Sanguessugas nem "sobre as supostas ligações pessoais de seu gerente executivo de comunicação institucional, Wilson Santarosa, em quem a empresa deposita toda a sua confiança".
Sobre a troca de telefonemas entre Santa Rosa e Hamilton Lacerda, a Petrobras disse que nunca existiram duas versões sobre o caso. "Os telefonemas trataram de pedido de ingressos para o GP de F-1 e sobre um jantar de adesão à campanha do então candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Aloizio Mercadante". Lacerda teria procurado a Petrobras porque a empresa patrocina a equipe Williams de F-1.
A Folha deixou recados para o empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, mas ele não respondeu.
A reportagem entrou em contato com Dudu Godoy dois meses atrás, por conta da chamada de seu celular, no começo de setembro, para o telefone de Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Mercadante.
Na ocasião, Godoy disse que havia sido procurado por Lacerda para trabalhar na campanha do senador.
Segundo ele, sua ligação foi para informar que não tinha interesse em atuar em campanha eleitoral. A assessoria de Godoy informou que a agência de publicidade Quê foi selecionada pela Petrobras em 2002, portanto, antes do atual governo.
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CPI sugere ligação da Petrobras com dossiê antitucano
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ADRIANO CEOLIN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Com base nas investigações da Polícia Federal, a CPI dos Sanguessugas concluiu que há indícios de participação de pessoas ligadas à Petrobras na compra do dossiê antitucano.
Aprovado por unanimidade, o relatório final da CPI, encerrada na quinta, destaca que a PF pediu a quebra do sigilo telefônico de Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e do empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, sócio da empresa NM Engenharia e Anti-Corrosão Ltda., contratada da estatal.
Tanto Santarosa quanto Maramaldo trocaram ligações com Hamilton Lacerda no período de negociação do dossiê. Ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lacerda foi identificado pela PF como o homem que transportou o dinheiro (R$ 1,75 milhão) que seria usado na aquisição do material contra o PSDB. Lacerda recebeu também ligação de Dudu Godoy, da agência de publicidade Quê, outra prestadora de serviços da Petrobras.
Conforme a Folha publicou no mês passado, a PF identificou 36 chamadas entre Lacerda e a Petrobras entre agosto e setembro. Todas as ligações estão relacionadas a Santarosa, responsável por um orçamento de aproximadamente R$ 700 milhões nas áreas de publicidade e patrocínio.
"Todos esses contatos mantidos pelo sr. Hamilton Lacerda [...] com o sr. Wilson Santarosa, em dias importantes no roteiro da negociação de compra do dossiê, nos levam a sugerir que a Polícia Federal e o Ministério Público aprofundem as investigações sobre eventual participação de pessoas ligadas a Petrobras na compra do mencionado dossiê", informa o relatório final.
A CPI ressaltou também que Santarosa mantém "estreita relação de amizade" com o ex-ministro José Dirceu. No dia 11 de setembro, Dirceu trocou uma ligação com Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o "articulador" da compra do dossiê. Nesse mesmo dia, Lacerda falou quatro vezes com Santarosa. Dois dias depois Lacerda levaria, segundo a PF, o dinheiro ao emissário petista Gedimar Passos, no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo.
A assessoria de imprensa da Petrobras já deu duas versões distintas para os telefonemas trocados entre Lacerda e Santarosa. Na primeira ocasião, afirmou que Lacerda queria obter ingresso para o GP Brasil de F1. Na segunda versão, informou que Lacerda procurou Santarosa para tentar vender convites de jantares de apoio à candidatura de Mercadante.
A PF deve abrir um inquérito específico para investigar a relação de Lacerda com a Petrobras. Além dos telefonemas trocados com Santarosa, foram apreendidos na casa de Lacerda e na imobiliária de sua família uma série de documentos relacionados à estatal. A Polícia Federal suspeita que ele tenha praticado "tráfico de influência" na empresa.
Numa pasta da Markplan Marketing, Planejamento e Propaganda, havia material de projetos patrocinados pela Petrobras ou suas subsidiárias. Foram encontrados também dados cadastrais, bancários e de clientes de uma distribuidora de combustíveis e outra de solventes.
Havia ainda um e-mail com o seguinte comentário: "Referente à Petrobras, precisamos de um contato dentro da Petrobras, para abertura de um canal direto com condições de preços e cotas diferenciados".
Outro lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras informou que "não tem nada a comentar" sobre as sugestões contidas no relatório da CPI dos Sanguessugas nem "sobre as supostas ligações pessoais de seu gerente executivo de comunicação institucional, Wilson Santarosa, em quem a empresa deposita toda a sua confiança".
Sobre a troca de telefonemas entre Santa Rosa e Hamilton Lacerda, a Petrobras disse que nunca existiram duas versões sobre o caso. "Os telefonemas trataram de pedido de ingressos para o GP de F-1 e sobre um jantar de adesão à campanha do então candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Aloizio Mercadante". Lacerda teria procurado a Petrobras porque a empresa patrocina a equipe Williams de F-1.
A Folha deixou recados para o empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, mas ele não respondeu.
A reportagem entrou em contato com Dudu Godoy dois meses atrás, por conta da chamada de seu celular, no começo de setembro, para o telefone de Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Mercadante.
Na ocasião, Godoy disse que havia sido procurado por Lacerda para trabalhar na campanha do senador.
Segundo ele, sua ligação foi para informar que não tinha interesse em atuar em campanha eleitoral. A assessoria de Godoy informou que a agência de publicidade Quê foi selecionada pela Petrobras em 2002, portanto, antes do atual governo.
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