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19/01/2007
-
09h38
ELIANE CANTANHÊDE
enviada especial da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro
Sem consenso sobre avanços na união sul-americana e sem acordo sobre como reduzir a assimetria entre o Brasil e a Argentina, de um lado, e o Paraguai, o Uruguai e a aspirante Bolívia, do outro, o governo brasileiro irá aproveitar a 32ª reunião da Cúpula do Mercosul para atacar outra frente: acordos e conversações bilaterais.
"As negociações comuns do bloco são importantes, é óbvio, mas os acordos bilaterais também são fundamentais para a integração", disse o chanceler Celso Amorim à Folha, antecipando exemplos de conversas com a Bolívia e o Paraguai.
O Brasil liderou a crítica aos Estados Unidos e condenou o governo George W. Bush quando este reagiu ao virtual fim da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) justamente oferecendo acordos em separado como forma de atraí-los.
Os EUA ofereciam os acordos, e o Brasil corria para evitá-los. O caso mais notório é o do Uruguai, até hoje dividido entre fazer ou não o acordo para exportar sua carne para o disputado mercado americano.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também usa e abusa dos acordos bilaterais, em que a Venezuela entra com os recursos, cabendo aos parceiros retribuir com a boa vontade com o país.
Exemplos dados por Amorim: com a Bolívia, estão sendo acertados programas e financiamentos para reforma agrária, especialmente nas áreas de fronteira que vivem tensão política depois da posse do presidente Evo Morales. E com o Paraguai o Brasil discute algo nevrálgico para o país: maior remuneração para o consumo interno da energia gerada pela Binacional Itaipu.
Tecnologia
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu investimentos e transferência de tecnologia com a Venezuela, além de fechar acordos em separado com Chávez na área de energia. Lula teve encontro com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e toma café da manhã hoje com o da Argentina, Néstor Kirchner.
No caso do Uruguai, o presidente Tabaré Vásquez foi avisado de que o embaixador brasileiro no país, José Eduardo Felício, vai passar a semana que vem em Brasília levantando informações na Receita Federal, na Polícia Federal e na Anvisa (a agência de vigilância sanitária) para facilitar as exportações uruguaias para o Brasil.
Há também a possibilidade de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiar empresas no Uruguai que produzam peças para veículos brasileiros.
Conforme a Folha apurou, a avaliação do Planalto e do Itamaraty é que "o momento não é bom" para reuniões na América do Sul, porque há incertezas sobre as intenções de Chávez na Venezuela, instabilidade na Bolívia e governo recém-iniciado no Equador.
Não é, assim, a melhor oportunidade para os membros do Mercosul chegarem a consensos sobre interesses dos quatro países originais do bloco, mais a recém-chegada Venezuela.
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enviada especial da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro
Sem consenso sobre avanços na união sul-americana e sem acordo sobre como reduzir a assimetria entre o Brasil e a Argentina, de um lado, e o Paraguai, o Uruguai e a aspirante Bolívia, do outro, o governo brasileiro irá aproveitar a 32ª reunião da Cúpula do Mercosul para atacar outra frente: acordos e conversações bilaterais.
"As negociações comuns do bloco são importantes, é óbvio, mas os acordos bilaterais também são fundamentais para a integração", disse o chanceler Celso Amorim à Folha, antecipando exemplos de conversas com a Bolívia e o Paraguai.
O Brasil liderou a crítica aos Estados Unidos e condenou o governo George W. Bush quando este reagiu ao virtual fim da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) justamente oferecendo acordos em separado como forma de atraí-los.
Os EUA ofereciam os acordos, e o Brasil corria para evitá-los. O caso mais notório é o do Uruguai, até hoje dividido entre fazer ou não o acordo para exportar sua carne para o disputado mercado americano.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também usa e abusa dos acordos bilaterais, em que a Venezuela entra com os recursos, cabendo aos parceiros retribuir com a boa vontade com o país.
Exemplos dados por Amorim: com a Bolívia, estão sendo acertados programas e financiamentos para reforma agrária, especialmente nas áreas de fronteira que vivem tensão política depois da posse do presidente Evo Morales. E com o Paraguai o Brasil discute algo nevrálgico para o país: maior remuneração para o consumo interno da energia gerada pela Binacional Itaipu.
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Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu investimentos e transferência de tecnologia com a Venezuela, além de fechar acordos em separado com Chávez na área de energia. Lula teve encontro com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e toma café da manhã hoje com o da Argentina, Néstor Kirchner.
No caso do Uruguai, o presidente Tabaré Vásquez foi avisado de que o embaixador brasileiro no país, José Eduardo Felício, vai passar a semana que vem em Brasília levantando informações na Receita Federal, na Polícia Federal e na Anvisa (a agência de vigilância sanitária) para facilitar as exportações uruguaias para o Brasil.
Há também a possibilidade de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiar empresas no Uruguai que produzam peças para veículos brasileiros.
Conforme a Folha apurou, a avaliação do Planalto e do Itamaraty é que "o momento não é bom" para reuniões na América do Sul, porque há incertezas sobre as intenções de Chávez na Venezuela, instabilidade na Bolívia e governo recém-iniciado no Equador.
Não é, assim, a melhor oportunidade para os membros do Mercosul chegarem a consensos sobre interesses dos quatro países originais do bloco, mais a recém-chegada Venezuela.
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