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09/02/2007 - 18h42

Estilo "autoritário" de Chinaglia desagrada base e oposição

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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Há pouco mais de uma semana no cargo, o novo presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), imprimiu um novo estilo na Casa que tem incomodado sobretudo os aliados, mas também a oposição. Considerado centralizador, Chinaglia tem tomado decisões sem consultar os partidos que ameaçam reagir com boicotes às determinações do petista.

Pelo estilo professoral, há quem avalie que o deputado quer transformar a Câmara na "escolinha do professor Arlindo": ele manda e os alunos --deputados-- têm que obedecer.

Os parlamentares também dizem que ele tenta impor um ritmo frenético de votações no plenário e tenta interferir em todas as discussões, mesmo as que não lhe dizem respeito --como a indicação para cargos na Casa e ministérios.

Esforço

Na próxima semana, que antecede o Carnaval, Chinaglia convocou um esforço concentrado na qual pautou 11 matérias --sendo três medidas provisórias e oito projetos. Os temas foram escolhidos pelo próprio Chinaglia. Tratam sobre segurança pública.

Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), a tentativa de impor um ritmo à Casa pode até dar certo no início, mas depois se revelar frustrada.

"Por enquanto os deputados estão como estudantes em início do ano letivo. Fica todo mundo animado, caprichando no caderno. Tudo é belo. Depois vai relaxando e todos ficam doidos para tirar férias em maio. Espero que não sejamos tão colegiais e aqui não se transforme na escolinha do professor Arlindo que chama ao dever aquilo que já deveria ser nosso dever mesmo", afirmou.

O próprio Chinaglia admitiu que tem "ousado um pouquinho em estabelecer determinado ritmo de trabalho", mas não deixou de repreender o colega. "Não é apropriado a gente imaginar o plenário da Câmara como uma escola. São todos representantes do povo e isso não passa de uma brincadeira [de Chico Alencar]", disse.

Comissão geral

Nesta sexta-feira, o deputado tomou outra decisão que provocou ainda mais desconforto na Casa. Por conta própria, Chinaglia decidiu convocar uma comissão geral para discutir o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na terça-feira. Já despachou para três ministros -- Dilma Rousseff (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) -- convites para que compareçam à Casa e, no plenário, debatam com os deputados as medidas do pacote.

Ao saber da decisão pela imprensa, o líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), reagiu. Beto já havia comunicado aos líderes no início da semana de que os ministros viriam à Câmara para debater primeiro com a base governista --na próxima quarta-feira-- e depois do Carnaval com a oposição. Foi atropelado por Chinaglia.

"Estou surpreso porque o acerto com o Palácio do Planalto e com a articulação política do governo é que seriam reuniões separadas para que houvesse um contato mais direto e os deputados pudessem tirar suas dúvidas a respeito do PAC. A comissão geral vai se transformar num debate político. Ele deve ter tido suas razões para ter passado por cima da minha articulação com o Palácio do Planalto", desabafou.

Votações

Na primeira semana como presidente da Câmara, Chinaglia votou um grande número de matérias, mas avançou pouco nas de interesse do governo e de setores da sociedade. Foram aprovadas duas medidas provisórias, 20 projetos de decreto legislativo e um projeto de resolução --que extinguiu cargos de confiança na Casa. O projeto que cria a Super Receita Federal do Brasil, que exige maior negociação, não avançou.

Para a próxima semana, o deputado convocou um Congresso para um "esforço concentrado". Para obrigar os deputados a ir a Brasília numa semana que antecede o feriado do Carnaval, Chinaglia promete cortar os salários dos ausentes. No que depender dele a semana será de muito trabalho. Três medidas provisórias estão na pauta, além de 11 projetos.

Os deputados prometem comparecer, mesmo desconfiando de que não haverá quórum. "Eu venho, agora a gente vai ficar atento. Se o povo for embora também vou. Eu é que não vou ficar aqui de bobeira. Estou pagando para ver a Câmara trabalhar na sexta-feira de Carnaval", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

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