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26/04/2007 - 15h42

D. Odilo defende fidelidade e condena pesquisas com células-tronco

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IVONE PORTES
REGIANE SOARES
da Folha Online

O bispo d. Odilo Scherer, que assume a Arquidiocese de São Paulo no domingo, falou nesta quinta-feira sobre pontos polêmicos defendidos pela Igreja Católica e contestados por parte da sociedade, como uso de preservativos para o combate à Aids e a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas.

"Certamente [a igreja] tem fundamento ao dizer que a melhor forma de prevenir contra a Aids é a fidelidade ao parceiro, o correto comportamento no que tange às relações sexuais e a não-promiscuidade. Certamente ninguém há de negar que são formas eficazes [de combate à doença]", afirmou d. Odilo, que participou hoje da sabatina da Folha, em São Paulo.

Durante duas horas, d. Odilo respondeu a perguntas da platéia e de quatro entrevistadores: a secretária de Redação da Folha Suzana Singer, o editor de Cotidiano, Rogério Gentile, e os repórteres João Batista Natali e Rafael Cariello.

O bispo ressaltou que a igreja não está interessada na difusão da Aids "A igreja quer que se previna de todas a formas lícitas possíveis a difusão do vírus."

D. Odilo também se posicionou contra as pesquisas com células-tronco retiradas de embriões humanos. "A Igreja Católica parte do pressuposto de que o embrião é um ser humano", afirmou.

Ele ressaltou que a ciência confirma que o embrião é um ser humano, embora não tenha cérebro e sistema nervoso.

Segundo o bispo, portanto, não se deve fazer a um ser humano que ainda não nasceu o que não se faz a um adulto. "Isso vale também para a questão do aborto. Um indefeso, um inocente."

Política

Durante a sabatina, d. Odilo também foi questionado sobre política, economia e questões sociais envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na avaliação do bispo, o governo Lula passa por um momento "muito complexo e paradoxal".

Para d. Odilo, embora o presidente seja de um partido de trabalhadores, ele tem de governar para todas as classes.

Por isso, segundo o bispo, o presidente muitas vezes não consegue agradar toda a população. "Ele [Lula] optou pelo caminho democrático. E esse caminho é contraditório", disse.

D. Odilo avalia que, embora a política econômica esteja voltada para a questão financeira e comercial, existem muitos avanços sociais. "A pobreza pouco a pouco está se reduzindo. A renda está melhorado."

Questionado sobre as diferenças entre Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele disse que FHC herdou um Estado mais "pesado" e que precisou tomar atitudes para estabilizar a economia.

Para ele, Lula está levando a política econômica adotada por Fernando Henrique "com sucesso".

"A economia está no controle, por isso Lula está sendo beneficiado com um Estado mais leve. Mas não ouso fazer escolha ou dizer quem foi melhor", afirmou.

MST

Durante a sabatina, d. Odilo disse ainda que não apóia as invasões "indiscriminadas" de terra, muitas delas promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Para o bispo, as invasões foram, no passado, um instrumento de pressão para que o governo fizesse a reforma agrária. Mas ressaltou que não apóia as invasões de propriedades particulares legalmente adquiridas. "Não sou a favor da usurpação do patrimônio adquirido legalmente", afirmou.

Gravata

Apesar de responder a questões polêmicas, d. Odilo também teve seu momento de descontração durante a sabatina da Folha. Ao ser questionado sobre o comportamento do rabino Henry Sobel --flagrado furtando gravatas--, o bispo respondeu: "Eu não uso gravatas", provocando risos na platéia que acompanhava o evento.

Em seguida, afirmou que o rabino ficou muito constrangido mas deu suas explicações à sociedade. "Ele tem um grande currículo e uma grande contribuição à sociedade. Por isso, a gente aceita a explicação dada como legítima."

Sobel responde nos EUA por três acusações de pequenos furtos (duas das quatro gravatas teriam sido levadas da mesma loja, a Giorgio Armani). O processo foi transferido do tribunal estadual para o tribunal do condado de Palm Beach.

Ao retornar ao Brasil, ele foi internado no hospital Albert Einstein. "Não sou santo. Sou um ser humano com qualidades e defeitos", disse Sobel à época. "É muito difícil explicar o inexplicável."

d. Odilo

Secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Odilo, tomará posse como arcebispo da cidade no domingo. Ele sucederá a d. Cláudio Hummes, que ocupou o posto de 1998 a 2006, quando foi nomeado pelo papa prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano.

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