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09/05/2007 - 09h01

Bento 16 faz sua viagem mais longa e distante

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LEANDRO BEGUOCI
do enviado especial da Folha de S.Paulo a Roma
RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo

Ao chegar hoje às 16h30 ao aeroporto internacional de Guarulhos (Grande São Paulo), Bento 16 será o segundo papa a visitar o Brasil. Acompanhe a visita em tempo real na Folha Online.

Seu antecessor, João Paulo 2º, esteve no país em 1980, 1991 e 1997. A viagem do Bento 16 será menor que as duas primeiras do papa polonês em número de dias, cidades visitadas e discursos proferidos, mas terá importância e impacto político para os rumos da Igreja Católica no Brasil e na América Latina semelhantes à primeira vinda ao país de seu chefe anterior.

EFE
Bento 16 embarca nesta quarta-feira no aeroporto de Roma com destino ao Brasil
Bento 16 embarca nesta quarta-feira no aeroporto de Roma com destino ao Brasil
Em 1980, João Paulo 2º visitou 13 cidades, em 12 Estados do país. Durante 12 dias, fez 51 pronunciamentos. Em 1991, foi a dez cidades em dez Estados diferentes. Ao longo de dez dias, fez 31 pronunciamentos.

O papa Bento 16 não deixará o Estado de São Paulo durante sua estada de cinco dias --além da capital paulista, irá a Guaratinguetá e a Aparecida. Fará, ao todo, 12 pronunciamentos, afirma o Vaticano.

Nesse período, no entanto, canonizará o primeiro santo brasileiro --frei Galvão, na missa de sexta-feira, no Campo de Marte (zona norte de São Paulo)-- e fará o discurso de abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano --a partir do próximo domingo, bispos de toda a região decidirão linhas de evangelização e ação social e política para a igreja na América Latina.

Será, de toda forma, a maior viagem internacional de todas as seis realizadas por este papa --em distância percorrida desde Roma (9.477 km; contra os 3.392 km percorridos até a Turquia) e em período no país visitado (cinco dias, três horas e 45 minutos, segundo o Vaticano).

Temas

Do ponto de vista da duração e dos temas tratados, a passagem do novo papa pelo Brasil lembrará mais a última visita de João Paulo 2º, em 1997, que as duas primeiras.

Em 1980, com o país ainda sob a ditadura militar, o papa polonês fez a defesa dos direitos humanos, do papel da igreja na promoção da justiça social e deu apoio público a um dos inimigos do regime, d. Hélder Câmara, abraçando-o diante das câmaras e dizendo: "D. Hélder, irmão dos pobres, meu irmão".

Em 1991, encorajou a igreja a manter seus compromissos sociais, mas criticou a "vocação materialista" da Teologia da Libertação.

A visita de 1997 foi de só quatro dias, e João Paulo 2º permaneceu apenas no Rio. Nesses dias, centrou seus discursos na defesa da família e na condenação ao aborto, ao controle de natalidade e ao divórcio.

Dez anos depois, esses temas caros à igreja --a defesa da vida e os limites que os valores cristãos devem impor aos avanços da ciência e da razão-- estão no centro do debate público brasileiro e sofrem "ameaças" --do ponto de vista católico-- como nunca antes.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu a realização de um plebiscito no país para decidir sobre a legalização do aborto. Está em discussão no Supremo Tribunal Federal a possibilidade, sob críticas da igreja, de uso de células-tronco embrionárias para a pesquisa científica.

A fatia de católicos na população do país, ademais, diminuiu. Em 1996, segundo o Datafolha, eram 74%; hoje são 64% dos brasileiros.

O Vaticano tem sinalizado que, nos próximos dias, Bento 16 deve fazer, em seus discursos, a "defesa da vida", ou seja, condenar o aborto e o uso de embriões. O papa também tratará da perda de fiéis pelo catolicismo, na maior parte para religiões protestantes pentecostais (eles são 17% hoje).

É esperada, ainda, uma mensagem de incentivo de Bento 16 à ação social da Igreja Católica no continente. O secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, disse em entrevista à Folha que o papa virá ao continente "para relançar um grande movimento de solidariedade, de promoção da justiça".

É um sinal de tolerância do papa com setores mais à "esquerda" da igreja na América Latina, duramente combatidos por ele quando ainda era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Ele, no entanto, não abrirá mão da crítica de fundo que sempre fez à Teologia da Libertação --um produto intelectual latino-americano--, ou seja, do uso do marxismo para a compreensão não só da sociedade mas também das estruturas de poder da igreja.

Para essas "missões", Bento 16 trará consigo "auxiliares" de peso. Bertone será o responsável pelo encontro "de Estado" com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

O cardeal italiano Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, está diretamente envolvido na organização da conferência de Aparecida. Ao brasileiro d. Cláudio Hummes, que cuida dos padres do planeta, caberá, entre outras funções, medir a temperatura da visita e sugerir eventuais mudanças.

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