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19/05/2007 - 08h13

Parecer mostrou superfaturamento em obra em Sinop

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JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha

Parecer de uma empresa de engenharia apontou que estava superestimado em cerca de R$ 20 milhões o orçamento para a implantação do sistema de esgoto de Sinop (MT).

De acordo com investigações da Polícia Federal, a licitação da obra foi direcionada para a construtora Gautama em troca de propina de R$ 200 mil para o prefeito da cidade, Nilson Leitão (PSDB), preso anteontem na Operação Navalha.

Os gastos previstos com a rede foram estimados em R$ 46,7 milhões --dos quais cerca de R$ 37 milhões viriam de empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o restante de verba municipal.

Segundo a análise paralela, encomendada por vereadores da cidade em 2005, a obra poderia ser construída com aproximadamente R$ 27 milhões.

Uma das recomendações do parecer foi "reduzir o custo total do empreendimento, observada as suas caraterísticas de complexidade, para valores compatíveis com o mercado". Mesmo com o documento, a Câmara de Sinop aprovou o orçamento e o empréstimo.

As obras ainda não começaram. O contrato com a Gautama foi assinado no dia 19 de março deste ano --quando Zuleido Soares Veras, dono da empresa, foi até a cidade para um ato público--, mas o contrato com o BNDES, apesar de já estar acordado, só seria oficializado no dia 23 deste mês.

Se feita, a rede será o primeiro sistema de esgoto da cidade e alcançaria, de acordo com os cálculos da prefeitura, 40% da população, com uma extensão de 162 km de encanamento.

O procurador de Sinop, Astor Reinheimer, afirmou que não houve problema na licitação da rede e que ela foi aprovada pelos órgãos competentes, como a Procuradoria da Fazenda Nacional e o Tesouro Nacional.

Nilson Leitão, que cumpre seu segundo mandato, foi o coordenador em Mato Grosso da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, no ano passado.

Sua escolha foi justificada ontem por Antero Paes de Barros, ex-senador e líder tucano no Estado, por ele ser o "segundo prefeito mais importante do Estado".

O primeiro, Wilson Santos, de Cuiabá, não se licenciou para assumir a coordenação. "Ele [Leitão] fez um bom trabalho", disse Antero. Alckmin alcançou 50,3% dos votos válidos no Estado no segundo turno.

Os vereadores opositores afirmaram ainda que Jair Pessine, ex-secretário de Desenvolvimento Urbano da cidade e também preso na operação de anteontem, esteve apenas os dois primeiros anos da cidade, sempre morando em um hotel, e que ele foi embora logo depois do empréstimo ao BNDES ter sido acertado.

Pessine tem uma fazenda no norte de Mato Grosso, mas mora hoje em São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar nenhum de seus advogados.

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