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21/11/2000 - 17h50

Europa rejeita proposta dos EUA na conferência de Haia

  • Mortes por calor dobrarão em 20 anos, diz ONU

    das agências internacionais

    Não foi bem recebido pela União Européia (UE), em Haia, o detalhamento de plano norte-americano para computar florestas no combate ao aquecimento global. Os EUA propuseram um cálculo que os ajudaria a cumprir 20% das metas que haviam assumido pelo Protocolo de Kyoto.

    Os meios para pôr em prática esse tratado sobre mudança climática serão discutidos até sexta-feira, por 185 países, na cidade holandesa de Haia. Pelo acordo, os EUA têm de cortar em 7%, até 2012, suas emissões de gases-estufa, em relação aos níveis de 1990.

    "O novo plano inclui um porção menor (de carbono) do que está de fato sendo sequestrado por nossas florestas", disse Frank Loy, chefe da delegação dos EUA.

    Loy se referia ao fato de florestas serem capazes de retirar da atmosfera parte do gás carbônico (CO2) emitido com a queima de combustíveis fósseis (que funciona como um cobertor sobre a Terra, esquentando-a). Ao fazer fotossíntese e crescer, as árvores consomem CO2 do ar e o fixam na forma de madeira, folhas e raízes.

    Segundo a agência "Reuters", membros da delegação estimaram que a quantidade de carbono assim calculada representaria um quinto dos cortes devidos pelos EUA. Na prática, o país estaria obtendo um desconto de 20%.
    A reação da UE, mais adiantada do que os EUA no cumprimento das metas do protocolo, foi fria.

    "Com essa interpretação, longe de reduzir os gases-estufa, vemos um incremento das emissões, com muita margem de manobra", disse a ministra francesa do Ambiente, Dominique Voynet, falando pela UE. "Queremos discutir a forma de cumprir nossos compromissos, não de evitá-los."

    Países menos industrializados, reunidos no chamado Grupo dos 77, protestaram contra a monopolização da conferência de Haia pelo conflito UE-EUA. Eles querem definir os detalhes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permitiria a países desenvolvidos financiar e obter créditos de carbono com projetos no Terceiro Mundo que economizem emissões de gases-estufa.

    "O grupo exige que, por justiça e equidade, essas questões comecem a ser resolvidas hoje e não mais tarde na semana", disse, pelo G-77, Sani Zangon Daura, ministro nigeriano do Ambiente.

    Klaus Töpfer, chefe do Pnuma (agência ambiental das Nações Unidas), atacou propostas de considerar energia nuclear entre as opções para combater o efeito estufa. "Estou profundamente convencido de que não deve ser incluída em qualquer tipo de acordo", disse Töpfer, em Haia.

    EUA e Japão são a favor de obter créditos, pelo MDL, com o financiamento da construção de usinas atômicas em países menos desenvolvidos. Assim como hidrelétricas, elas não emitem CO2 para gerar energia, ao contrário de termelétricas a carvão, óleo ou gás natural. A proposta também é rechaçada por organizações não-governamentais ambientalistas.
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