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22/02/2005 - 10h10

Pesquisadores investigam suposto supervírus da Aids em Nova York

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Folha de S.Paulo

Cientistas americanos estão tentando determinar se uma forma do vírus da Aids resistente e de ação rápida, identificada há cerca de dez dias num homem de Nova York, equivale a uma nova variedade do HIV.

O anúncio da identificação do vírus foi feito pelo Departamento Municipal de Saúde de Nova York no último dia 11. O paciente que o abriga é homossexual e teve uma série de relações sexuais sem proteção nos últimos meses, tendo sido diagnosticado com Aids em dezembro de 2004. Também é viciado em metanfetamina cristal, droga que pode ser fumada em cachimbos parecidos com os de crack ou injetada.

Como a pessoa havia feito um teste de Aids com resultado negativo em maio de 2003, estima-se que tenha desenvolvido a doença de dez a dois meses depois de se infectar -- em comparação, a maioria dos que adquirem o HIV só manifestam os sintomas da doença cerca de dez anos depois de serem infectados.

Além disso, a forma do vírus que ele carrega mostrou ser resistente a três das quatro classes de remédio usadas hoje para enfrentar o HIV. Normalmente, esse tipo de resistência só surge quando o paciente já foi tratado com esses medicamentos, as chamadas drogas antiretrovirais, mas, no caso nova-iorquino, o problema surgiu assim que o paciente começou a ser medicado. Além disso, o comum é que exista resistência a apenas um ou dois tipos de remédio antiretroviral.

Um porta-voz do Centro de Pesquisa da Aids Aaron Diamond, em Nova York, afirmou que cientistas da instituição estão analisando amostras do paciente, para verificar se ele é mesmo geneticamente único e se desenvolveu formas mais eficientes de invadir células do que as cepas já conhecidas do HIV.

Polêmica

Cientistas que não estão ligados ao sistema de saúde pública de Nova York ou ao grupo que isolou o vírus do homem (liderado por David Ho, do Centro Aaron Diamond) questionaram a maneira como o caso estava sendo apresentado. Para eles, um vírus obtido de um único paciente não é causa para pânico, e o chefe do Departamento de Saúde, Thomas Frieden, deveria ter esperado antes de fazer um anúncio público sobre o problema.

"Isso é uma não-notícia", atacou Paul Volberding, diretor do Centro de Pesquisas da Aids da Universidade da Califórnia em San Francisco. Segundo, ele, o aparecimento rápido dos sintomas depende não só do vírus, mas também do paciente. Alguns pesquisadores sugerem que o problema foi a metanfetamina, a qual teria enfraquecido o sistema de defesa do dependente.

O próprio fenômeno da resistência a drogas não é, por si só, inesperado, já que o vírus da Aids sofre mutações com facilidade, às vezes antes que o paciente receba os coquetéis de medicamentos. Um trabalho liderado em 2002 por Susan Little, da Universidade da Califórnia em San Diego, mostrou que um em cada cinco pacientes recém-infectados nos EUA abrigava vírus resistentes.

"Vamos precisar de muito mais estudos para saber se esse é um supervírus ou não. N igual a 1 [ou seja, um caso isolado] é sempre um número suspeito em epidemiologia", afirmou Anthony Fauci, chefe do NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA).

Parte da comunidade gay também reprovou a maneira como o governo de Nova York divulgou a notícia -- Frieden falou de "homens que fazem sexo com outros homens". Charles King, do Housing Works, grupo de apoio aos doentes de Aids, disse que o anúncio poderia ser usado para demonizar os homossexuais.

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