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19/08/2005 - 10h49

PF descobre "conexão Rondônia" em esquema de madeira ilegal

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CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira novos suspeitos de participação na máfia da madeira ilegal desmontada há dois meses em Mato Grosso pela Operação Curupira, lançada em conjunto com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Ministério Público. Até ontem à noite, 14 pessoas haviam sido detidas em quatro Estados (Rondônia, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina).

Na primeira fase da operação, em junho, 130 pessoas foram presas e mais de 40 funcionários do Ibama afastados. Entre os detidos estava o gerente do órgão em Cuiabá, Hugo Werle. O esquema montado havia sido responsável pelo desmatamento de 43 mil hectares de floresta tropical.

Nesta segunda fase já foi determinada a prisão de 21 suspeitos de ligação com um esquema de extração ilegal de madeira e venda de ATPFs (Autorizações para o Transporte de Produtos Florestais). Segundo o procurador Elielson Ayres de Souza, da Advocacia-Geral da União, nos últimos cinco anos a máfia desmatou 108 mil hectares e extraiu 4 milhões de metros cúbicos de madeira.

"Desta vez são menos empresas, mas o estrago é maior", disse Souza à Folha, por telefone.

A operação de ontem resulta de uma investigação na qual a PF e o Ministério Público descobriram um braço rondoniense da máfia que havia sido parcialmente desarticulada na Curupira 1. "Esta é uma ramificação da organização criminosa desarticulada há dois meses no Estado de Mato Grosso, o que evidencia uma conexão forte com Rondônia", declarou o delegado da PF em Mato Grosso Tardelli Boaventura.

As prisões acontecem três dias depois de organizações não-governamentais terem entregue à ministra Dilma Roussef (Casa Civil) uma carta reclamando a morosidade na execução do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento do Governo Federal.

Segundo o diretor de fiscalização do Ibama, Flávio Montiel, a maior parte dos mandados de prisão foi efetuada em Ji-Paraná, Rondônia. A cidade sediava madeireiras que compravam ATPFs de despachantes e funcionários do Ibama para "esquentar" toras extraídas de terras públicas e áreas indígenas, principalmente na região de Aripuanã, Mato Grosso. Entre a madeira ilegal estariam toras de mogno da reserva dos índios cintas-largas, entre Mato Grosso e Rondônia, derrubadas com consentimento das lideranças indígenas. Árvore ameaçada, o mogno tem exploração proibida no Brasil.

Na manhã de ontem foram presos dois servidores do Ibama de Ji-Paraná, Ilson Oliveira do Nascimento e José Magalhães. Um funcionário do escritório de Aripuanã responderá a processo. Ele é suspeito de ter recebido R$ 500 mil de madeireiros para liberar planos de manejo irregulares.

O esquema

A máfia atua nos Estados amazônicos e no Sul e Sudeste do país, principais regiões consumidoras de madeira. O esquema envolve o furto de ATPFs (documentos emitidos pelo Ibama e obrigatórios para o transporte de madeira do mato para as serrarias e destas para outros consumidores, indústrias ou portos) por funcionários do órgão ambiental federal e a venda de autorizações em branco.

As ATPFs são vendidas a despachantes e madeireiros, que as utilizam para legalizar madeira de planos de manejo florestal fictícios --na verdade, as toras são extraídas em terras públicas ou vêm de corte raso em terras privadas. Em ambos os casos, configura-se crime ambiental, já que o manejo pressupõe o corte seletivo.

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