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30/09/2005
-
09h24
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
Uma injustiça acaba de ser reparada em relação a um dos parentes mais próximos da humanidade. Acusados de serem fortes demais para precisar quebrar a cabeça e desenvolver ferramentas, os gorilas parecem, sim, ter essa habilidade. Eles desenvolveram "cajados" e "pinguelas" para atravessar terrenos pantanosos na África, dizem primatologistas.
O estudo, coordenado por Thomas Breuer, da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (Alemanha), flagrou duas fêmeas usando o instrumento. É a primeira vez que esse tipo de comportamento é observado em gorilas selvagens.
O estudo sobre o tema, publicado na revista científica de acesso gratuito "PLoS Biology", foi feito em Mbeli Bai, floresta pantanosa do norte do Congo. Tudo começou quando Leah, uma fêmea adulta, se viu diante de uma lagoa rasa onde os elefantes costumavam beber água. Leah queria atravessar e entrou na lagoa, mas, quando percebeu que a água chegava até a sua cintura, voltou para a beirada. Viu um galho sem folhas com uns 2 cm de largura e 1 m de comprimento diante de si e o agarrou, voltando para a água.
Em posição ereta, como uma pessoa, ela usou o galho para se apoiar e para testar o fundo da lagoa e avançou uns 10 m na água, até que seu bebê começou a chorar e ela voltou para a beirada, largando o cajado n'água.
Já Efi, outra "moça", transformou um galho em instrumento multi-uso: os pesquisadores viram-na usá-lo como apoio para catar ervas aquáticas que ela comeu, e também como "ponte" para cruzar terreno pantanoso.
"É uma descoberta realmente impressionante", disse Breuer em comunicado oficial. "O uso de ferramentas entre grandes macacos selvagens nos dá idéias valiosas sobre a evolução da nossa própria espécie e sobre as capacidades deles." Até hoje, havia evidências abundantes de uso de ferramentas em dois outros grandes macacos, os chimpanzés e orangotangos. Curiosamente, as fêmeas também parecem ser muito importantes na "descoberta" e "ensino" dessas técnicas entre eles.
Com a força descomunal dos gorilas, achava-se que eles não precisavam de instrumentos porque processam alimentos com as próprias mãos --mas, como se vê, o uso pode ganhar outras facetas. A população dos bichos na região estudada é densa, o que ajudaria na transmissão cultural das técnicas, diz o estudo.
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da Folha de S.Paulo
Uma injustiça acaba de ser reparada em relação a um dos parentes mais próximos da humanidade. Acusados de serem fortes demais para precisar quebrar a cabeça e desenvolver ferramentas, os gorilas parecem, sim, ter essa habilidade. Eles desenvolveram "cajados" e "pinguelas" para atravessar terrenos pantanosos na África, dizem primatologistas.
O estudo, coordenado por Thomas Breuer, da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (Alemanha), flagrou duas fêmeas usando o instrumento. É a primeira vez que esse tipo de comportamento é observado em gorilas selvagens.
O estudo sobre o tema, publicado na revista científica de acesso gratuito "PLoS Biology", foi feito em Mbeli Bai, floresta pantanosa do norte do Congo. Tudo começou quando Leah, uma fêmea adulta, se viu diante de uma lagoa rasa onde os elefantes costumavam beber água. Leah queria atravessar e entrou na lagoa, mas, quando percebeu que a água chegava até a sua cintura, voltou para a beirada. Viu um galho sem folhas com uns 2 cm de largura e 1 m de comprimento diante de si e o agarrou, voltando para a água.
Em posição ereta, como uma pessoa, ela usou o galho para se apoiar e para testar o fundo da lagoa e avançou uns 10 m na água, até que seu bebê começou a chorar e ela voltou para a beirada, largando o cajado n'água.
Já Efi, outra "moça", transformou um galho em instrumento multi-uso: os pesquisadores viram-na usá-lo como apoio para catar ervas aquáticas que ela comeu, e também como "ponte" para cruzar terreno pantanoso.
"É uma descoberta realmente impressionante", disse Breuer em comunicado oficial. "O uso de ferramentas entre grandes macacos selvagens nos dá idéias valiosas sobre a evolução da nossa própria espécie e sobre as capacidades deles." Até hoje, havia evidências abundantes de uso de ferramentas em dois outros grandes macacos, os chimpanzés e orangotangos. Curiosamente, as fêmeas também parecem ser muito importantes na "descoberta" e "ensino" dessas técnicas entre eles.
Com a força descomunal dos gorilas, achava-se que eles não precisavam de instrumentos porque processam alimentos com as próprias mãos --mas, como se vê, o uso pode ganhar outras facetas. A população dos bichos na região estudada é densa, o que ajudaria na transmissão cultural das técnicas, diz o estudo.
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