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07/10/2005 - 09h50

Fezes de pingüim rendem Ig Nobel a físico australiano

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CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo

O reconhecimento a um trabalho científico pode vir tarde, mas não falha. Quando o físico australiano Thomas Parnell montou, em 1927, um experimento para demonstrar a viscosidade do piche no qual uma "gota" de uma bola de alcatrão caía num frasco a cada nove anos, ele jamais imaginaria que 78 anos depois, em 2005, seria contemplado (in memorian) com o Ig Nobel, o Nobel da pesquisa inútil.

"A indicação do professor Parnell certamente mereceria aplauso pelo novo recorde que ele estabeleceu, de maior tempo decorrido entre a realização de um experimento científico seminal e a contemplação com um prêmio, seja o Nobel ou o Ig Nobel", afirmou o físico John Mainstone, da Universidade de Queensland (Austrália), que dividiu a honra dúbia do Ig Nobel com Parnell.

Além do experimento do piche de Parnell --cuja nona gota se encontra em formação--, neste ano, o tradicional prêmio dado aos experimentos "que não poderiam ou não deveriam ser repetidos" agraciou o lado, digamos, menos idílico do mundo natural: uma estimativa matemática precisa da pressão com a qual os pingüins antárticos expelem suas fezes.

O artigo científico descrevendo as minúcias do estudo saiu publicado em 2003 no periódico científico "Polar Biology" sob o título impagável de "Pressões produzidas quando os pingüins fazem cocô --cálculos sobre a defecação aviana". "As forças envolvidas, muito além daquelas conhecidas para seres humanos, são altas, mas não levam a um fluxo turbulento que desperdiça energia", escreveram os autores do estudo, o neozelandês Victor Benno Meyer-Rochow e o húngaro Joszef Sandor Gal.

Assim como sete dos dez ganhadores do Ig Nobel deste ano, ambos se dispuseram a comparecer à cerimônia de entrega do prêmio, nesta quinta-feira à noite, no vetusto Teatro Saunders da Universidade Harvard, em Cambridge (EUA). No entanto, tiveram o visto negado. "Esperamos que isso não tenha a ver com a natureza explosiva de nosso trabalho", brincaram. Os lauréis foram entregues por ganhadores do Nobel de verdade, como Sheldon Glasgow (Física, 1979), William Lipscomb (Química, 1976) e Dudley Herschbach (Química, 1986).

Laranja mecânica

O Ig Nobel da Paz, que já teve entre seus contemplados a Marinha britânica e Vaticano, saiu para uma dupla de neurocientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, por um experimento que daria inveja ao cineasta Stanley Kubrick: eles expuseram um gafanhoto a cenas do filme "Guerra nas Estrelas", e usaram um eletrodo para testar um determinado conjunto de neurônios no sistema visual do inseto que responderia a objetos em rota de colisão com ele.

A vencedora em Economia foi uma jovem designer do Laboratório de Mídia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Gauri Nanda, 26, inventou um despertador com rodas que cai da mesa de cabeceira e se esconde toda vez que o dono aperta o botão "soneca". O sujeito, assim, é obrigado a sair da cama, ganhando mais tempo de trabalho no dia.

O prêmio de Literatura foi para um grupo não-identificado de golpistas da internet nigerianos, por terem "criado e usado e-mail para distribuir uma arrojada série de contos, assim apresentando a milhões de leitores um rico conjunto de personagens", como o general Sani Abacha e a sra. Mariam Saani Abacha, que pedem do internauta "só uma pequena soma em dinheiro" para que possam obter uma fortuna à qual têm direito e que gostariam de dividir com o gentil internauta.

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