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21/10/2005 - 09h42

Infectologistas brasileiros criticam estocagem de Tamiflu

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Não há razão para as pessoas estocarem em casa o medicamento Tamiflu com o objetivo de se prepararem contra uma eventual pandemia de gripe aviária. Mais que isso: tomar essa atitude pode acabar causando um problema de saúde pública tão complicado quanto o que se pretende evitar.

O alerta é de Nancy Bellei e João Toniolo, infectologistas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Eles estão preocupados com a onda de pânico que se instaura no mundo todo pelo medo de que o vírus H5N1, que atualmente ataca aves na Ásia e na Europa e tem a capacidade de contaminar humanos, leve a uma pandemia de gripe letal.

Mesmo para países europeus, Nancy Bellei considera a preocupação exagerada. "Eu, se fosse européia, não estocaria o remédio em casa", diz. A pesquisadora, especializada em doenças respiratórias, indica que a contaminação de aves para humanos --única forma confirmada de contágio da doença, até agora-- ocorre com pouca freqüência e, por enquanto, só quando o indivíduo tem forte contato com os animais.

"Mesmo no Vietnã, que é o país mais afetado até agora, poucas pessoas foram contaminadas. E eles lá têm um contato com as aves que é totalmente diferente do que acontece no Ocidente", diz.

Para Bellei, há um risco muito maior de que as pessoas, ao estocarem a droga antigripal em casa, acabem usando-a de forma equivocada, ou sem receita médica. "Uma pessoa vai viajar, aí volta, começa a sentir algum sintoma, acha que pegou e aí começa a tomar o medicamento", diz. "Isso acaba adiando a ida dela a um médico. E esse remédio não é para automedicação, em tese só deve ser vendido com prescrição."

A infectologista da Unifesp também destaca que o diagnóstico da gripe aviária é difícil de fazer. "Os casos que vemos na Ásia não apresentam os sintomas de gripe clássica", diz. Segundo ela, os pacientes apresentam as mais variadas condições, como pneumonia, encefalite ou diarréia, e o diagnóstico é mais facilitado nos asiáticos justamente pelo seu histórico de contato com aves.

O H5N1, por ora, é muito bom em contaminar aves, mas não tão bom em contaminar humanos --ainda precisará passar por mutações para se tornar transmissível de pessoa para pessoa, sem o que não poderá se converter na famigerada pandemia. Vírus influenza como ele costumam sofrer muitas mutações, que, segundo Bellei, podem propiciar esse salto. Mas é impossível prever se e quando isso vai acontecer.

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