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08/11/2005 - 09h02

USP usa células de embrião para estudar doença degenerativa

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REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

Uma das principais cientistas a lutar pela liberação dos estudos com células-tronco embrionárias no Brasil finalmente vai poder pesquisar o tema. Mayana Zatz e seus colegas do Instituto de Biociências da USP recorreram com sucesso de uma decisão do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que havia negado financiamento a um projeto deles na área.

"Eles diziam que nós não tínhamos experiência suficiente na área. Respondi que concordava, mas até aí ninguém no Brasil ainda tem essa experiência", argumenta Zatz. Para muitos cientistas, o resultado do edital do CNPq sobre células-tronco, divulgado em agosto, foi um balde de água fria. Dos 41 projetos aprovados, só um previa a derivação (criação) de células-tronco embrionárias humanas no país. A proposta de Zatz também o fará.

Essa é a raiz da polêmica que cerca as células. Para obtê-las, é preciso destruir embriões com dias de vida, o que, para muita gente, equivale a tirar uma vida humana. A Lei de Biossegurança, que aprovou o uso das células, estipula que os embriões devem estar congelados há pelo menos três anos e que sejam doados com consentimento dos genitores.

Zatz e seus colegas estudam doenças degenerativas neuromusculares. Por isso, sua intenção é "ensinar" as células embrionárias, extremamente versáteis, a se transformar em células nervosas e musculares. Uma vez dominado o processo, elas serão transplantadas para camundongos cujo organismo não fabrica a distrofina, proteína essencial para a saúde e o crescimento dos músculos. Esses animais servirão de modelo para estudar a distrofia de Duchenne, doença humana que é causada pela ausência de distrofina.

"Ninguém é louco de colocar as células-tronco em humanos", ressalta Zatz. De fato, a falta de conhecimento sobre como as células-tronco embrionárias assumem a função dos vários tecidos do corpo ainda deve ser, por muito tempo, um obstáculo ao seu uso em pessoas.

A pesquisadora diz que, uma vez estabelecidas as linhagens de células (um processo relativamente complicado), a equipe estará aberta a compartilhá-las com outros cientistas do país. "Se alguém tiver um projeto interessante, ficaremos felizes em colaborar", afirma. O CNPq dará R$ 400 mil ao projeto, mas Zatz diz que pedirá também financiamento à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

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