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14/11/2005
-
10h14
da Folha de S.Paulo
O principal colaborador internacional dos pesquisadores coreanos que desenvolveram os primeiros clones humanos para fins terapêuticos, o americano Gerald Schatten, anunciou anteontem que estava encerrando a parceria por razões éticas. Segundo Schatten, há indícios de que Woo-Suk Hwang e seus colegas da Universidade Nacional de Seul usaram métodos questionáveis para obter os óvulos de seus experimentos.
A equipe de Hwang surpreendeu o mundo em fevereiro do ano passado, quando publicou, na prestigiosa revista "Science", os primeiros resultados de seu trabalho com clonagem (ou transferência nuclear, como preferem dizer). Eles foram os primeiros a usar a técnica para produzir células-tronco embrionárias, capazes de se transformar em qualquer tecido do organismo adulto. O processo envolve a retirada do núcleo da célula que se quer clonar e sua fusão a um óvulo sem núcleo.
Desde então, novos avanços foram feitos, vários deles em parceria com Schatten, da Universidade de Pittsburgh. Mas rumores davam conta de que uma das doadoras dos óvulos usados nos experimentos seria uma cientista subordinada a Hwang, e que ela poderia ter recebido dinheiro para ajudar. Ambas as situações são normalmente condenadas pela ética de pesquisa.
Além disso, as doadoras correm certo risco, uma vez que é preciso estimulá-las com hormônios para liberar mais óvulos que o normal e submetê-las a uma cirurgia para extraí-los. No primeiro experimento, por exemplo, teriam sido usados 242 óvulos de 16 mulheres.
Até os últimos dias, Schatten diz não ter acreditado nos rumores, negados por Hwang. "Lamentavelmente, ontem [na última sexta] recebi informações que sugerem que esses erros ocorreram" durante a doação de óvulos, afirmou o americano em comunicado oficial. "Esses são os problemas que me forçam a tomar essa decisão." O pesquisador de Pittsburgh acrescentou que continua a considerar o trabalho dos coreanos "um conjunto de descobertas fundamentais que aceleram a pesquisa biomédica".
No mesmo comunicado, Schatten disse ter encontrado um erro numa tabela de um dos artigos científicos da equipe coreana e que avisou a publicação onde a pesquisa saiu sobre o problema.
O fim da parceria pode ser um golpe para o papel de liderança que a Coréia do Sul tem alcançado nas pesquisas da área. O país criou no mês passado, por exemplo, o Centro Mundial de Células-Tronco, liderado por Hwang, que pretende distribuir células para cientistas do planeta todo.
Não foi possível localizar Hwang para comentar a decisão de seu colega americano.
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O principal colaborador internacional dos pesquisadores coreanos que desenvolveram os primeiros clones humanos para fins terapêuticos, o americano Gerald Schatten, anunciou anteontem que estava encerrando a parceria por razões éticas. Segundo Schatten, há indícios de que Woo-Suk Hwang e seus colegas da Universidade Nacional de Seul usaram métodos questionáveis para obter os óvulos de seus experimentos.
A equipe de Hwang surpreendeu o mundo em fevereiro do ano passado, quando publicou, na prestigiosa revista "Science", os primeiros resultados de seu trabalho com clonagem (ou transferência nuclear, como preferem dizer). Eles foram os primeiros a usar a técnica para produzir células-tronco embrionárias, capazes de se transformar em qualquer tecido do organismo adulto. O processo envolve a retirada do núcleo da célula que se quer clonar e sua fusão a um óvulo sem núcleo.
Desde então, novos avanços foram feitos, vários deles em parceria com Schatten, da Universidade de Pittsburgh. Mas rumores davam conta de que uma das doadoras dos óvulos usados nos experimentos seria uma cientista subordinada a Hwang, e que ela poderia ter recebido dinheiro para ajudar. Ambas as situações são normalmente condenadas pela ética de pesquisa.
Além disso, as doadoras correm certo risco, uma vez que é preciso estimulá-las com hormônios para liberar mais óvulos que o normal e submetê-las a uma cirurgia para extraí-los. No primeiro experimento, por exemplo, teriam sido usados 242 óvulos de 16 mulheres.
Até os últimos dias, Schatten diz não ter acreditado nos rumores, negados por Hwang. "Lamentavelmente, ontem [na última sexta] recebi informações que sugerem que esses erros ocorreram" durante a doação de óvulos, afirmou o americano em comunicado oficial. "Esses são os problemas que me forçam a tomar essa decisão." O pesquisador de Pittsburgh acrescentou que continua a considerar o trabalho dos coreanos "um conjunto de descobertas fundamentais que aceleram a pesquisa biomédica".
No mesmo comunicado, Schatten disse ter encontrado um erro numa tabela de um dos artigos científicos da equipe coreana e que avisou a publicação onde a pesquisa saiu sobre o problema.
O fim da parceria pode ser um golpe para o papel de liderança que a Coréia do Sul tem alcançado nas pesquisas da área. O país criou no mês passado, por exemplo, o Centro Mundial de Células-Tronco, liderado por Hwang, que pretende distribuir células para cientistas do planeta todo.
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